Atualmente, exige-se muito dos agricultores!
Por um lado, que sejam capazes de suprir as necessidades alimentares de toda a humanidade, por outro, quer-se produtos agrícolas sãos, isentos de riscos para a saúde e para o meio ambiente e, ainda, que sejam os “guardiões” da paisagem agrícola.
No entanto, as culturas agrícolas são permanentemente ameaçadas por múltiplos inimigos – ervas infestantes, pragas e doenças – que, ao desenvolverem-se, influenciam negativamente as colheitas afetando o rendimento dos agricultores. Existem diversas medidas de proteção e meios de luta, disponíveis ao agricultor, sendo um deles o meio de luta químico, ou seja, o uso de produtos fitofarmacêuticos (PF’s).
Os PF’s, enquanto responsáveis pela prevenção e/ou controlo de inimigos ou organismos nocivos, apresentam grandes benefícios para os agricultores, mas, como produtos químicos, apresentam, na sua maioria, uma certa toxicidade. O risco que representam para os seres humanos (enquanto aplicadores de PF´s e consumidores de produtos agrícolas) e ambiente (solo, água, ar, fauna selvagem e flora espontânea) está reconhecido e documentado.
De facto, a toxicidade dos PF’s pode manifestar-se, caso a sua aplicação não seja feita em segurança e não sejam respeitadas as exigentes regras estipuladas, de acordo com as normas técnicas e científicas requeridas pelas autoridades reguladoras e expressas na legislação comunitária e nacional. Assim sendo, a legislação atual obriga que a venda de PF´s seja efetuada apenas e só aos portadores do Cartão de Aplicador. Este cartão é obtido após a frequência de curso de formação específico.
Conhecedor dos riscos associados, cabe ao agricultor mantê-los dentro de limites aceitáveis, cumprindo rigorosamente todas as condições de segurança e uso dos PF´s, nomeadamente doses aplicadas, armazenamento seguro e até a eliminação de embalagens vazias. Só o cumprimento escrupuloso destas regras assegura que o uso de PF´s não apresentará riscos inaceitáveis.
Importa ainda referir a existência de PF´s de uso não profissional, que se destinam a serem utilizados em plantas de interior ou pequenas hortas ou jardins familiares. Estes podem ser vendidos em supermercados e adquiridos pelo público em geral.
Ao agricultor, exige-se que seja excelente conhecedor das culturas que pratica, das pragas e doenças associadas, dos meios de luta não químicos disponíveis e das boas práticas do uso de PF´s e só o equilíbrio de todos estes fatores pode assegurar o respetivo uso sustentável.
Vanda Mão Cheia
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
O artigo foi publicado originalmente em DICAs.
