Em Bruxelas, discute-se a Política Agrícola Comum. Especialistas criticam “pouca ambição” de Portugal
O que se decidir em Bruxelas, esta semana, vai traçar o rumo dos milhões de euros que saem do bolso dos contribuintes para a agricultura europeia nos próximos sete anos. E apesar de a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, sublinhar o empenho em “garantir uma agricultura mais ecológica e resiliente” e anunciar “maior ambição ambiental e climática” — com envelopes financeiros para os chamados regimes ecológicos da nova Política Agrícola Comum (PAC) — muitos duvidam. O modelo da PAC para 2021-2027 soma €385 mil milhões, o que corresponde a 30% do orçamento comunitário para o mesmo período, e segundo a rede de organizações não governamentais European Environment Bureau, “o acordo que se avizinha irá causar mais destruição ambiental e continuar a beneficiar um pequeno grupo de grandes proprietários de terras, muitos ligados à agroindústria”. Em consequência, a perda de biodiversidade e a poluição da água, do ar e do solo, em vez de serem refreadas, vão agravar-se.
Vários ambientalistas e especialistas contactados pelo Expresso olham para o pacote em cima da mesa como uma mera operação de “greenwashing” e não uma verdadeira política verde ao encontro do Pacto Ecológico Europeu e da “Estratégia do Prado ao Prato”. O que se vislumbra do Plano Estratégico para a Política Agrícola Comum (PEPAC), em Portugal (em preparação desde 2017, e cuja consulta pública está anunciada para julho), parece longe de ir ao encontro de uma agricultura ambientalmente mais sustentável.