Foram apresentados, a 16 de janeiro de 2024, na CBSE -Católica Business School and Economics, em Lisboa, os resultados do 10º concurso nacional de casos de estudo, promovido pelo Fórum de Administradores de Empresas (FAE), com o patrocínio da CGD. Os finalistas procediam de sete escolas de negócios de todo o país e as três premiadas foram a Universidade de Évora, com o caso sobre a sustentabilidade na Logoplaste, a AESE, com a unidade de manutenção da TAP, e a Faculdade de Economia do Porto, com Sword Health. Estes resultados traduzem a importância crescente e sustentada que o método do caso tem no panorama das business schools e da universidades portuguesas, em linha com o que acontece em todo o mundo.
Este método, também conhecido como o método de Harvard por ter sido a Universidade pioneira a implementá-lo, tem mais de 100 anos. Nas comemorações do centenário, o Dean de Harvard referiu esquematicamente que esta metodologia tinha atravessado quatro fases que lhe deram uma especial robustez e que explicam a sua perenidade. O sucesso inicial derivou de os professores serem dirigentes empresariais que testaram o modelo saído do laboratório dessa famosa universidade de Boston e mostraram como discutir entre pares situações reais, bem documentadas e estudadas previamente, gerava aprendizagem prática, com reflexo imediato no desempenho profissional dos estudantes.
A segunda fase foi o trabalho académico de sistematização da experiência de milhares de discussões, dando origem a boas práticas sucessivamente aperfeiçoadas, numa espiral de sucesso generalizada nos Estados Unidos – mais de 100 000 MBA por ano, na década de 60 – à qual se sucedeu a fase crítica, na década de 90, com a eclosão de alguns escândalos empresariais, por um lado, e com a multiplicação de metodologias alternativas, por outro. Neste século, a metodologia manteve-se no topo das opções dos alunos das escolas de negócios, mas o foco passou para uma maior atenção ao líder, aos dirigentes, às suas opções, aos seus valores, o que também fica bem patente quando se discutem os problemas e as suas decisões, numa sala de aula entre pares.
Em Portugal, a escola pioneira na utilização do Método do Caso foi a AESE Business School, a partir de1980. Mas praticamente todas as escolas dos negócios têm utilizado o método, o que se traduz nos diferentes vencedores do Prémio FAE-CGD: em 2022, foi a Católica e, em 2021, foi a Nova BSE. Em 2020, também foi a Nova com o caso “Spring and Port Wine” no qual se discute a sucessão numa empresa familiar produtora de vinho do Porto. A qualidade desse caso e o tema abordado foram as razões pelas quais ele foi incluído no livro Criar Valor na Vinha e no Vinho, os Casos de um ecossistema competitivo[1], junto com outros 15 desenvolvidos no Projeto CV3, da AESE.
No 1º Colóquio formativo – Criar valor-na-vinha-e-no-vinho, no próximo dia 6 de fevereiro, vão ser discutidos dois casos do portfolio CV3: a Casa Relva e os Lavradores de Feitoria. O Presidente do IVV, o Dr. Bernardo Gouvêa, referiu que “tendo apoiado o Projeto CV3 desde o início, o IVV reconhece o valor do trabalho realizado e valida a metodologia pedagógica utilizada nas atividades do Projeto, pelo que pode representar de criação de valor para o ecossistema da vinha e do vinho.”
A discussão destes casos, no que se refere à vinha e ao vinho e, em geral, aos clusters agrícola e alimentar é um investimento relevante na melhoria de competências dos seus líderes, para poderem gerir as complexas mudanças competitivas vividas e poderem fomentar o crescimento económico e a competitividade nacional. É preciso parar para pensar, estabelecer prioridades e critérios, para definir qual deve ser a agenda da mudança, como comunicá-la e como efetivá-la. É num ambiente de cooperação e competição – coopetição! – que vale a pena apostar.
José Ramalho Fontes, Presidente Emérito AESE
[1] José Ramalho Fontes, Fernando Bianchi de Aguiar, Almedina, 2023