Uma chegada inesperada ao lagar de azeite de Vila Nova de Tazem. “É medronho apanhado ontem, em Oliveira do Hospital, no Vale dos Sonhos, inclinado para o Rio Alva, onde arderam 40 hectares de medronheiros”, descreve Nuno Pereira, 39 anos, sob o olhar atento de outros produtores de azeite que, curiosos, espreitam as caixas com o fruto que costuma ser utilizado para aguardente.
Já há dois anos, a empresa que Nuno dirige testou outros sabores. “Testámos o azeite de mirtilo há dois anos, o ano passado framboesa e, este ano, a novidade mundial: azeite de medronho.”
O teste do novo azeite foi feito com o medronho que se juntou à azeitona, pelas mãos do empresário e agricultor, que partilhou (quase) toda a receita. “400 quilos de azeitona, 80 quilos de medronho, dará mais ou menos 30 litros de azeite. Não posso explicar o segredo, mas, depois da azeitona estar esmagada, entra o extrato de medronho”, conta.
O coordenador do lagar de azeite de Vila Nova de Tazem, o engenheiro agrónomo Bruno Rodrigues, não estranhou o azeite de medronho, até porque está habituado a inovar, desde os tempos da faculdade. “Já na ESAV fizemos experiências. Com o maracujá, por exemplo, mas era um aroma adicionado. Este é diferente, pois é incorporado na fase de produção do azeite”, declara.
Quem observa, desconfia. António Cunha, morador ali perto, em Girabolhos, assume que foi preciso chegar aos 81 anos para ver sair do lagar, azeite de medronho. “Aguardente conhecia. Agor, medronho é separado do azeite, eu nunca vi, não estou convencido, é uma coisa tão diferente, não é?”, surpreende-se.
No final da operação, saíram mesmo 36 litros de azeite de medronho, que Nuno Pereira espera ver no mercado até ao final deste ano.