Quando ouvimos falar em conceitos como robots para colheita ou agricultura vertical nas cidades imaginamos um futuro longínquo. Demasiado caro, demasiado futurista, demasiado irreal.
A verdade é que já são realidade. Existem, estão muito além da fase de testes e, acreditem, a sua adoção e implementação vai acelerar, e muito. Mas nada que nos deva assustar.
A tecnologia, e a robótica em particular, vão ser uma ajuda preciosa em tempos de escassez de mão de obra. Quando estiverem devidamente escaladas, estas máquinas vão permitir aos produtores concentraram-se no mais importante: na produção de alimentos de qualidade, sustentáveis e, muito importante, rentáveis para o agricultor.
Quando à agricultura vertical, sim, ela arrasa todas as nossas ideias bucólicas daquilo que é a lavoura. Passar de um “verde campo” para uma “fábrica de alimentos” é algo radical para o comum dos agricultores, mas não tenho grandes dúvidas que o futuro da produção massificada de hortícolas, por exemplo, vai passar por aí.
“O sistema alimentar está a ser reinventado todos os dias e não há como fugir disso. Por muito que não estejamos (ainda) neste comprimento de onda, é preciso olhar com atenção para as tendências e começar a preparar o futuro das explorações agrícolas das próximas gerações.”
Também aqui vejo oportunidades de valorização num país com características como o nosso, com condições ímpares para a produção de alimentos de alta qualidade. Portugal pode distinguir-se na altura em que uma grande parte do mundo estiver a produzir e consumir carne de laboratório ou tomate produzido em bunkers. A produção de alimentos em ambiente “natural” será um luxo, quase ourivesaria. E isso terá um valor que apenas uma parte do mercado poderá pagar, mas estará disponível para isso.
O sistema alimentar está a ser reinventado todos os dias e não há como fugir disso. Por muito que não estejamos (ainda) neste comprimento de onda, é preciso olhar com atenção para as tendências e começar a preparar o futuro das explorações agrícolas das próximas gerações. Sem pressas, bem certo, mas também sem ilusões românticas de que a agricultura será sempre como a conhecemos. Porque vai mudar, só falta saber em quanto tempo.
#agricultarcomorgulho
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.