O presidente do CDS-PP criticou hoje, em Santarém, a ministra da Agricultura por “conflituar com o setor”, o que considerou um sinal “de um ciclo falhado” que justificaria, mais que uma remodelação do Governo, uma dissolução do parlamento.
Nuno Melo participou hoje na sessão “Os desafios para Jovens Agricultores no novo PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum]”, na 10.ª Conferência Nacional de Jovens Agricultores, realizada no âmbito da Feira Nacional da Agricultura (FNA), que decorre até domingo no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém.
“A agricultura, no que tem a ver com o Governo, é um dos primeiros sinais de um ciclo falhado que justificaria, mais que uma remodelação, em muitos casos, até a própria dissolução do parlamento, porque os governos existem para resolver os problemas do setor no que tem a ver com as áreas que tutela”, declarou.
O líder centrista, que se fez acompanhar por outros dirigentes do partido, como Luís Queiró e Paulo Núncio, considerou “inconcebível” a ausência da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, no certame, a exemplo do que já tinha acontecido na Ovibeja.
Para Nuno Melo, o facto de não ter sido convidada pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) é “a manifestação absoluta da incompetência de um ministério que não dá resposta ao setor”, porque qualquer confederação de agricultores “deseja que a tutela esteja presente”.
“Quando a tutela não está porque a ministra não é considerada bem-vinda, significa que é totalmente incapaz de dar resposta ao mínimo que se lhe exige a favor daquilo que é estratégico para a economia em Portugal”, afirmou.
Nuno Melo apontou a ausência de regulamentação que permita que os agricultores se candidatem a projetos, realçando que “os agricultores têm de saber as regras do jogo”, e a situação das Direções Regionais de Agricultura.
“Neste momento há faixas negras que dizem ‘a Direção Regional de Agricultura do Norte’ morreu, por exemplo, e não é normal”, disse.
Nuno Melo acusou Maria do Céu Antunes de estar “de costas voltadas para o setor”, uma situação, no seu entender, “impensável”.
Como razões justificativas para não ser convidada pela CAP, referiu declarações da ministra como a de que esta confederação “não aconselhou ao voto no PS” ou ”’lembrem-se que quem passa o cheque sou eu’, como se o dinheiro para a agricultura, tão fundamental para os agricultores, fosse dinheiro do PS ou do Governo e não do Estado”.
O líder centrista colocou em contraponto o seu partido, que, disse, quando teve a tutela do setor no Governo PSD-CDS “fez diferença”, exemplificando com a “antecipação em 10 anos” do projeto do Alqueva, “considerado um dos milagres da agricultura” por ter permitido transformar áreas de sequeiro em regadio.
Referiu, ainda, as iniciativas que tem tomado como eurodeputado em Bruxelas, como o “maior congresso de jovens agricultores”, que realiza a sua 9.ª edição em dezembro próximo, no Parlamento Europeu, e o evento de promoção da agricultura portuguesa que mostra “O Melhor de Portugal” na capital belga.
A 59.ª edição da Feira Nacional da Agricultura / 69.ª Feira do Ribatejo foi inaugurada sábado pelo Presidente da República e decorre até domingo, tendo a CAP, maioritária no CNEMA, anunciado a ausência de convites a membros do Governo, em protesto contra as políticas em curso para o setor.