O anúncio do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) de um novo corte no quantitativo do vinho a beneficiar para as 75 mil pipas, menos 15 mil pipas que em 2024 (menos 17%), e menos 41 mil pipas que em 2022 (menos 35%), agrava a crise na Região Demarcada do Douro (RDD). Sobretudo para os pequenos e médios viticultores, este corte significa mais uma machadada nos seus rendimentos, levando a situação desesperada de muitos produtores para lá do suportável.
Este corte dá-se depois de grandes operadores da região terem enviado cartas aos viticultores avisando que não receberão as uvas, num contexto em que se mantém a prática injusta que faz com que muitos viticultores entreguem as uvas sem saberem quanto vão receber por elas, quando a situação de muitas adegas é de crise acentuada e de falta de capacidade de armazenamento e no decorrer de uma campanha com custos de produção acrescidos.
A CNA e a AVADOURIENSE reafirmam a rejeição deste corte que afecta os cerca de 20 mil viticultores da região.
Toda a situação põe em evidência o desastroso resultado da política que continua a favorecer o desequilíbrio de poder de mercado na RDD entre a produção, a transformação e o comércio, sempre em prejuízo dos produtores e que só favorece a concentração de terras e da produção nas mãos das grandes casas comercializadoras e exportadoras. É esta mesma política que permite que os viticultores continuem a receber pelas uvas o mesmo preço que há 25 anos, enquanto os custos de produção tiveram subidas vertiginosas.
Confirma também a necessidade de, para além de apoios urgentes, serem tomadas medidas de carácter estrutural na RDD, tal como os viticultores têm reclamado e continuarão a reclamar, junto do IVDP, do Ministério da Agricultura e do Primeiro-Ministro.
A CNA sublinha que este corte impõe de forma mais aguda a tomada de medidas imediatas que compensem os produtores pela perda de rendimento nesta vindima, direcionando-as sobretudo para os pequenos e médios viticultores, de forma desburocratizada e com dotações suficientes.
Os viticultores rejeitam liminarmente o arranque da vinha. Isso é mais do mesmo: empurrar os pequenos e médios viticultores para o abandono, desertificando e empobrecendo ainda mais a região, descaracterizando-a e pondo em risco o seu elevado valor económico, social e cultural.
A CNA e a AVADOURIENSE reafirmam o seu compromisso com os viticultores durienses na exigência da saída da crise, pelo escoamento das uvas a preços justos, por rendimentos dignos, por uma Região viva e com futuro. Não deixaremos de tomar as iniciativas necessárias para prosseguir esta justa luta.
Fonte: CNA