Os setores da indústria agroquímica e das energias renováveis receberam com entusiasmo a notícia que chegou recentemente da Noruega da descoberta de largas reservas de rocha fosfática que podem conferir autonomia à Europa em relação ao fosfato
A descoberta de grandes reservas de rocha fosfática na Noruega pode tornar a Europa mais autónoma ao nível dos produtos que utilizam fosfatos, nomeadamente fertilizantes, veículos elétricos e painéis solares, durante aproximadamente 50 anos.
Foi numa mina em Rogaland, no sudoeste da Noruega, que um grupo de investigadores da empresa Norge Mining, sediada em Stabekk, na Noruega, descobriu uma reserva de rocha fosfática com um peso equivalente a 70 mil milhões de toneladas, tantas quantas as que já são conhecidas atualmente em todo o mundo – 71 mil milhões.
A dimensão da reserva surpreende mesmo os especialistas em energias renováveis.
“Esta descoberta mais do que duplica as reservas mundiais conhecidas”, assinala à CNN Portugal Luís Fialho, investigador da Cátedra Energias Renováveis, na Universidade de Évora.
Também o professor de química e do ambiente Miguel Pedro Mourato, do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, salienta que esta tonelagem corresponde à “ordem de grandeza das reservas que se conhecem no resto do mundo”.
“É uma quantidade mesmo muito grande”, reforça o investigador, que admite que, com esta quantidade, será mesmo possível garantir a autonomia da Europa em relação ao fosfato durante pelo menos 50 anos, tal como estimado pela Norge Mining.
Já o engenheiro de minas João Vermelho Neves, que trabalha em consultoria mineira, avaliação de recursos e planeamento mineiro, indica que “este valor não quer dizer nada”. “Reportar recursos ou reservas referindo apenas toneladas é como reportar o capital em Portugal referindo apenas o número de carteiras e porta-moedas, mas omitindo o valor em dinheiro”, compara.
Na perspetiva do engenheiro, o valor da tonelagem “tem de ser acompanhado pelo teor, o que permite estimar o valor do recurso”, exemplificando que “70 Giga toneladas com um teor de 0,5% de minério não é o mesmo que 70 Giga toneladas com um teor de 30% de minério”.
Tanto assim é que, no relatório anual da Norge Mining, referente a 2021 e publicado em 2023, “o valor de 70 Giga toneladas desaparece e o reporte de […]
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