Doze anos, ou talvez menos. A Humanidade poderá não ter esse tempo para reverter os erros que a conduzem para o pior dos cenários das alterações climáticas. A menos que nessa dúzia de anos, consigamos reduzir 50% das emissões de gases com efeito de estufa.
O planeta é uma casa em chamas. Não precisamos de esperança, precisamos de entrar em pânico. Estas palavras são de Greta Thunberg, uma ativista sueca de 16 anos que aproveitou o palco do Fórum Económico Mundial de Davos para enfrentar os líderes de todo o mundo com o discurso que muitos dizem ouvir, mas poucos parecem dispostos concretizar.
Uma vez mais, fixe estes números, porque eles serão determinantes para a história do nosso futuro coletivo: o mundo precisa de reduzir 50% do CO2 que emite, para que tenhamos muito mais do que 12 anos, para não nos arrependermos de não ouvir uma miúda de 16.
Greta Thunberg não pretende dar uma lição de moral gratuita sobre como preservar o planeta. Na verdade, o seu discurso tem por base as mais recentes conclusões do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, cujos argumentos têm sido sucessivamente negados pela atual administração norte-americana, ao ponto de Donald Trump pedir ao aquecimento global que desligue o congelador a 40 graus negativos onde, por estes dias, estão metidos cerca de 200 milhões de americanos.
Bem pode o presidente dos Estados Unidos assobiar para o lado e ter até quem lhe faça companhia porque, afinal, para algumas lideranças mundiais, o importante é o sucesso financeiro.
De acordo com um relatório da Fundação Ellen MacArthur, apoiado pela Fundação Gulbenkian, cinco milhões de pessoas vão morrer em todo o mundo nos próximos 30 anos, por causa da produção industrial de alimentos, que é responsável por 25% das emissões de gases com efeito de estufa.
Estes cinco milhões de pessoas que se estima que possam morrer até 2050 representam duas vezes o número de mortes provocadas pela obesidade e quatro vezes mais o número de óbitos em acidentes de viação.
Como é que isto se resolve? Mudando os hábitos de vida nas cidades. Os exemplos citados neste relatório da Ellen MacArthur refletem realidades demasiado díspares: do Porto, com os seus 200 mil habitantes, até São Paulo atualmente com 12 milhões de pessoas.
Seja como for, partindo destes números, os investigadores deste estudo apoiado pela Gulbenkian sugerem que, daqui a três décadas, 80% dos alimentos produzidos em todo o mundo serão consumidos nas cidades.
Então e o desperdício alimentar? Com uma melhor redistribuição de produtos e a adoção de agricultura livre de químicos, o mundo conseguiria poupar mais de dois biliões de euros, gastaria menos 450 biliões de litros de água e evitaria a degradação de 15 milhões de hectares de terrenos agrícolas. E a redução das emissões de CO2 seria correspondente à retirada de mil milhões de carros das estradas em todo o mundo.