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– 14-01-2004 |
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Montalegre : Popula��o continua a preferir chegas de bois a jogos de futebolNo ano em que Portugal acolhe o Euro 2004 e em que o futebol concentra quase todas as aten��es, a popula��o de Montalegre continua a preferir um espect�culo cujos protagonistas não usam chuteiras e cal��es, mas chifres pontiagudos. "Se no mesmo dia em Montalegre se realizasse um jogo de futebol entre o Porto e o Benfica e uma chega de bois, o estádio de futebol estaria vazio e o campo da chega completamente cheio", garantiu � Lusa Fernando Moura, respons�vel pela Associa��o "O Boi do Povo". A Associa��o Etnogr�fica "O Boi do Povo" foi criada em 1999 por um grupo de amigos apaixonados pelas tradicionais chegas de bois e as lutas entre animais que tem organizado chegam a atrair milhares de pessoas. Muitos os turistas v�o de prop�sito � regi�o do Barroso para assistir a estas lutas que p�em em confronto os melhores bois da ra�a barros�, numa tradi��o cujas origens se perdem no tempo. Os forasteiros desconhecem, contudo, o longo trabalho de "mimo" e prepara��o de que estes bois são alvo antes de entrarem no recinto da chega e de enfrentarem o boi opositor. Segundo Fernando Moura, hoje, este "mimo" � feito por particulares, mas h� uns anos atr�s era um trabalho comunitário, que envolvia toda uma aldeia nos cuidados com o animal. Este animal, que tinha funções essencialmente reprodutoras, era chamado o "Boi do Povo" e era partilhado e sustentado por toda a comunidade. Quando este boi chegava � idade adulta, cinco ou seis anos, tornava-se no orgulho dos seus propriet�rios e, por isso, motivo de discuss�es entre povoa��es vizinhas com cada uma a defender a maior pujan�a do seu animal. Estas disputas terminavam irremediavelmente numa luta entre os animais – as chegas – que tinham como objectivo distinguir o campe�o. No dia da chega, sob o olhar atento dos milhares de pessoas que assistem a cada luta, os dois bois são colocados frente a frente e incitados pela multid�o. Os dois machos iniciam ent�o uma "dan�a" que se prolonga mais ou menos no tempo, dependendo da for�a de cada animal, e durante a qual investem, enfrentam-se com viol�ncia, entrela�am os chifres, afastam-se e voltam ao confronto. A luta termina quando um dos bois foge, assumindo a derrota, ou quando � ferido pelo outro animal. Fernando Moura refere mesmo que muitos barros�es vibram mais com este espect�culo do que com um jogo de futebol e lembrou o que aconteceu no �ltimo dia de Natal, quando uma chega de bois juntou cerca de cinco mil espectadores. Segundo salientou, actualmente o vencedor continua a ser motivo de grande orgulho para os seus propriet�rios e o preferido para a reprodu��o. Para provar isso, o respons�vel afirma que � dono do maior boi da ra�a barros�, o qual "tem nove anos e possui mais de mil quilos e j� saiu vencedor de inúmeras chegas e até de concursos pecu�rios". Mas manter estes bois não � f�cil e Fernando Moura referiu que chega a gastar tr�s euros por dia na sua alimenta��o. Foi precisamente para homenagear o "boi do povo", her�i de muitas chegas, que nasceu a associa��o etnogr�fica liderada por Fernando Moura. além de promover a realiza��o destas lutas, a associa��o pretende incentivar esta tradi��o entre os mais jovens. As ra�zes do "Boi do Povo" e as chegas de bois não estáo ainda perfeitamente definidas mas h� quem as remeta para as long�nquas tradi��es celtas. Este tema � j� assunto de investiga��es internacionais e recentemente esteve em Montalegre o professor Cristian Bonberg�, da Universidade de Provence, em Fran�a, para recolher documenta��o e testemunhos sobre esta velha tradi��o. Com o estudo, o professor pretende saber se esta tradi��o � bem ou mal aceite socialmente, se os bois estáo associados � virilidade, a forma como são pastoreados e as t�cnicas utilizadas para os preparar para os combates. Depois de recolhida a informação, o professor vai comparar a tradi��o portuguesa com os combates de bois que existem no Norte do Ir�o onde estas lutas são clandestinas e estáo ligadas a apostas de dinheiro.
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