A Mondego Agrícola – Feira das Culturas, destinada a profissionais do setor, decorre hoje e sexta-feira em Montemor-o-Velho, no distrito de Coimbra, e visa apresentar novos equipamentos e técnicas adequadas ao cultivo e às colheitas, anunciou a organização.
Em nota de imprensa enviada à agência Lusa, os promotores afirmam que o evento é “realizado em contexto de campo” e disponibiliza “ensaios das variedades de plantas disponíveis para os agricultores, incluindo ainda demonstrações dos equipamentos e técnicas mais adequadas de cultivo e colheita, viradas para uma agricultura de precisão”.
“Precisamos de equipamentos modernos e adequados porque, se a agricultura não for uma atividade atrativa, não há quem queira trabalhar no setor”, afirmou, citado na nota, Francisco Dias, engenheiro agrícola, técnico da Cooperativa Agrícola do Concelho de Montemor-o-Velho e formador da Escola Profissional e de Desenvolvimento Rural do Baixo Mondego.
No comunicado, a organização da Mondego Agrícola, frisou ainda que os agricultores terão a oportunidade “de adquirir plantas melhoradas geneticamente para a região”, aludindo, sem especificar, à cultura do milho, a única que possui autorização em Portugal.
Também sem adiantarem números, sustentam que “o recurso a sementes geneticamente melhoradas é uma prática cada vez mais consolidada entre os agricultores do Baixo Mondego”, embora o recurso a milho geneticamente modificado tenha caído 17% em Portugal em 2023 (reduziu 15% na região Centro), face ao ano anterior, de acordo com dados da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
Segundo o relatório de acompanhamento de 2023 (publicado pela DGAV em março) de Controlo de Coexistência entre Culturas Geneticamente Modificadas e outros Modos de Produção Agrícola em Portugal, consultado pela Lusa, os agricultores inquiridos indicaram como principal razão da escolha de variedades de milho geneticamente modificadas um melhor controlo das pragas do milho sem recurso a inseticidas ou o aumento da produção.
O mesmo documento indica que a área total de cultivo de milho o ano passado ascendeu aos 91.785 hectares (ha), menos 7% do que os 98.736 hectares registados em 2022.
O cultivo de milho geneticamente modificado também caiu no território português (de cerca de 2.287 ha para os 1.898, menos 17%), sendo que a utilização de sementes modificadas geneticamente ascendeu a apenas 2% do total do milho cultivado.
Na região Centro, ainda segundo o relatório da DGAV, a produção de milho também caiu, acompanhado genericamente a redução a nível nacional, embora ligeiramente acima da média (-8%), passando dos 23.780 hectares em 2022 para os 21.979 hectares em 2023.
Quanto às sementes geneticamente modificadas na região Centro, elas incidiram sobre 675 hectares em 2023 (-15% do que os 797 hectares registados no ano anterior), um valor que corresponde a cerca de 3% do total da produção de milho.
Na região foram notificadas à DGAV em 2023 produções de milho geneticamente modificado nos concelhos de Coimbra, Soure e Montemor-o-Velho (Baixo Mondego), Vila Velha de Ródão, Covilhã e Belmonte (distrito de Castelo Branco) e Leiria.
A produção total de milho no Baixo Mondego ascende a pouco mais de 6.000 hectares, sensivelmente 29% do total da região Centro.