O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) entregou, pelo terceiro ano consecutivo, um prémio de seguro de dois milhões de dólares (1,7 milhões de euros) a Moçambique, para proteção contra secas, cobrindo a época agrícola 2025/2026.
De acordo com informação do BAD, trata-se de um apoio ao abrigo do Programa Africano de Financiamento de Riscos de Catástrofes (ADRiFi), que visa o reforço da preparação financeira dos países contra choques climáticos, apoiando o seguro de risco soberano, melhorando a modelação de riscos e integrando o financiamento de riscos de catástrofes nos quadros políticos nacionais em África.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre anualmente entre outubro e abril, bem como secas prolongadas.
No âmbito do programa ADRiFi, o BAD refere que fornece “financiamento e subsidia prémios de seguro para os países africanos participantes, ao mesmo tempo que reforça a sua capacidade de gerir os riscos climáticos”.
“O Grupo Africano de Capacidade de Risco (ARC) fornece o seguro de risco soberano e garante pagamentos rápidos quando os limiares de catástrofes são ativados, enquanto os países doadores, incluindo o Reino Unido, Suíça, Canadá, Noruega e Países Baixos, contribuem com financiamento através do Fundo Fiduciário Multidoadores para apoiar a implementação do programa”, refere o BAD.
Citado na mesma informação, o líder do grupo BAD para a redução do risco do financiamento agrícola e resiliência climática, Andrew Mude, apontou a urgência de implementar programas de seguro climático: “Os impactos climáticos estão a intensificar-se em toda a África”.
“O ADRiFi mobilizou mais de 150 milhões de dólares [129 milhões de dólares] para apoiar 16 nações africanas, salvaguardando mais de seis milhões de pessoas e demonstrando o potencial transformador das soluções financeiras estratégicas na salvaguarda de vidas e meios de subsistência”, disse Mule, citado na mesma informação, referente à entrega formal deste apoio, no Fórum de Financiamento de Riscos Climáticos e de Desastres de 2025, em Maputo, este mês.
O Governo moçambicano aprovou em 14 de outubro o plano de contingência para a época chuvosa 2025/2026, que admite poder afetar 1,2 milhões de pessoas, mas tem menos de metade dos 14 mil milhões meticais (190 milhões de euros) necessários.
“Da parte que temos disponível, em termos de capacidade para lidar com isto, estamos a falar de cerca de seis mil milhões de meticais [81,4 milhões de euros], que é uma parte daquilo que foi computado como necessário para este ano, está disponível em meios, em equipamentos e algum dinheiro”, disse o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa.
A época das chuvas em Moçambique começou este mês e prolonga-se até abril, tendo aquele órgão aprovado o plano de contingência, que admite três cenários, podendo afetar de menos de um milhão a quatro milhões de moçambicanos. Contudo, o Governo trabalha como cenário mais realista consequências para cerca de 1,2 milhões de pessoas, na previsão intermédia.
“Feita a análise das previsões climáticas sazonais e a interpretação para a hidrologia, agricultura e saúde, conjugadas com a análise da vulnerabilidade e dos fatores de contenção, o Governo adota um plano de contingência que responda a um cenário de ocorrência de ventos fortes, inundações urbanas, seca, cheias e ciclones”, explicou.
O plano, reconheceu Impissa, em declarações aos jornalistas no final da reunião semanal daquele órgão, tem “um défice de oito mil milhões de medicais [108,6 milhões de euros], que se espera ser reduzido através de outras fontes de financiamento, como sejam o seguro paramétrico [apoio do BAD], implementação de ações antecipadas à seca, cheias e ciclones, e doações em espécie ou em numerário”.













































