O ministro da Agricultura moçambicano pediu hoje aos agricultores que apostem na produção competitiva, criticando a contínua dependência de importações de alimentos para abastecer o mercado nacional, garantindo que o país tem capacidades e recursos.
“Se, de facto, os nossos produtores, desde os da pequena escala, todos nos reunirmos nesta visão, de que é necessário produzir de forma competitiva para satisfazer o mercado, estaremos em condições de tornar o nosso setor agrário não só competitivo, como também sustentável”, disse o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas (MAAP), Roberto Mito Albino.
O governante falava hoje, em Maputo, durante a primeira reunião do Comité de Coordenação do Setor Agrário (CCSA), uma estrutura multissetorial criada com o objetivo de reforçar a coordenação na implementação das políticas, estratégias e programas do setor agrário.
Albino disse que Moçambique quer apostar na agricultura como negócio, referindo que este setor é crucial para o desenvolvimento do país.
“Sempre dissemos e reiteramos, o grande objetivo no setor da agricultura, ambiente e pescas é a produção de alimentos. Moçambique não pode continuar a depender, como depende hoje, de alimentos importados, quando temos condições técnicas e humanas para podermos produzir de forma competitiva os alimentos da cesta básica”, afirmou.
Para o ministro, “a produção para exportação deve ser priorizada”, mas, acima de tudo, contribuir para substituir as importações.
“Agora que as divisas estão em escassez ficou muito mais patente a nossa vulnerabilidade em relação à importação de alimentos”, acrescentou o governante.
O ministro quer que o setor privado disponibilize fundos para financiar iniciativas empreendedoras do setor agrário, apelando a novos modelos de reembolso desses fundos adequados ao setor.
“Temos que criar instrumentos financeiros que atraiam a todo aquele que tem competências técnicas para que venha aquilo que sabe melhor fazer, que é produzir alimentos como prioridade”, disse o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas.
O Governo também quer apostar na modernização do contacto entre os técnicos e os produtores, referindo que vai apostar no uso das tecnologias de informação para flexibilizar a comunicação e reduzir o tempo.
“Se nós queremos aumentar a produção, significa que temos que defender a nossa sanidade animal e vegetal, reforçar os serviços de inspeção, serviços laboratoriais. Já não há espaço para sementes falsas (…). Queremos declarar guerra aberta àqueles que querem falsificar sementes”, concluiu.
Na quarta-feira, a Alemanha disponibilizou, através do Banco Alemão de Desenvolvimento (KFW), 45,5 milhões de euros para financiar iniciativas agrícolas de Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME).
O mecanismo de financiamento ao desenvolvimento rural sustentável, Finova, foi lançado em Maputo, numa cerimónia em que o ministro da Planificação e Desenvolvimento de Moçambique, Salim Valá, salientou a aposta neste fundo alemão para gerar mais empregos e rendimentos.
Salim Valá afirmou que este tipo de financiamento ajuda na materialização dos “planos do Governo de substituição das importações e geração de mais postos de trabalho”.
Moçambique conta com mais de 4,5 milhões de explorações agrícolas, das quais a “grande maioria” é de pequena escala, operando com menos de dois hectares, disse o ministro Valá.
“Apenas 2,5% da área cultivada dispõe de irrigação, menos de 10% dos agricultores têm acesso a crédito formal ou assistência técnica estruturada”, acrescentou o governante.