O VIII Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo realiza-se na cidade de Viseu nos próximos dias 15 e 16 de março. A encabeçar a organização está a Acegrow, empresa que apesar de jovem (criada em 2016) já tinha por objetivo vir a fazê-lo. A oportunidade surgiu no final do último Encontro, avalizada pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN-CC) que reconheceram na empresa a capacidade organizativa.
É Rui Silva, administrador da Acegrow SA que em entrevista nos avança mais detalhes sobre o Encontro e justifica que faz todo o sentido que seja em Viseu “tendo em conta que é a capital do distrito onde se encontra uma parte bastante significativa dos produtores nacionais de mirtilo”, tal como nos traça o retrato do setor.
Como se posiciona a Acegrow neste setor?
Desde a primeira hora que queremos ser agregadores, pois acreditamos que sem união, a fileira vai ser engolida por outros mercados. Os consumidores compram maioritariamente em supermercados, que por sua vez querem cada vez mais comprar diretamente a produtores, mas não aos pequenos produtores, que apenas podem fornecer pequenas quantidades durante um curto espaço de tempo. São necessárias entidades fortes, sólidas financeiramente, com capacidade de investir, inovar e que consigam entregar diferentes produtos durante vários meses. É aí que queremos chegar, ser um fornecedor de vários produtos na categoria de pequenos frutos e com fornecimento de diversos produtores, que acreditam nesta metodologia de trabalho.
Como surgiu esta oportunidade de organizar o Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo?
A Acegrow, apesar de ser uma empresa jovem (criada em 2016), já tinha como objetivo um dia ser organizadora do evento, de forma a poder ajudar, clarificando diversas dúvidas que ainda existem no setor, principalmente aos pequenos produtores. No final do último evento essa oportunidade surgiu, tanto o INIAV como a COTHN viram em nós capacidade organizativa.
O último Encontro foi muito focado na exportação. Qual será o tema central deste ano?
Vamos estar essencialmente focados em dois temas muito importantes: A Qualidade e os Mercados.
Na Qualidade falaremos entre outras coisas, sobre a Drosophila suzukii que é uma praga que pode ser devastadora para o setor, se não houver a definição de uma estratégia de combate concertada.
Nos Mercados, queremos continuar a clarificar os produtores sobre como funciona o mercado internacional, quais os requisitos que nos coloca e quais serão as tendências nos próximos anos.
Já têm nomes confirmados que queiram avançar?
Sobre a Drosophila suzukii gostaria de destacar a Profª Elisabete Figueiredo do Instituto Superior de Agronomia, com um vasto conhecimento sobre esta praga.
Ainda no que diz respeito à qualidade teremos a Drª Lara Giongo que vem de Itália para partilhar com o tema, fatores de pré-colheita que afetam a qualidade do mirtilo no pós-colheita.
Qual é o grande objetivo do Encontro?
Queremos essencialmente continuar a clarificar as dúvidas que existem, que são imensas nos produtores mais pequenos. Queremos ainda ajudar, explicando como lidar com a Drosophila suzukii, como plantar, podar, fertilizar, colher. Pretendemos também explicar como funciona o mercado, para acabar com a ideia de que os produtores não ganham nada e que os distribuidores ficam com a margem toda, existe muito desconhecimento principalmente por parte dos produtores mais pequenos que por falta de escala não têm noção de como funciona o mercado e como se deve produzir.
Qual é a perceção da Acegrow em relação ao panorama da produção? Tem mudado, evoluído…?
O que temos observado é que existe ainda muita indefinição no setor.
Continuam a haver muitos produtores que insistem em não certificar as suas produções e a acreditar que na internet encontram todo o suporte técnico de que necessitam, mas felizmente também existem muitos que querem fazer mais e melhor.
O que para nós parece muito evidente é que o mercado vai se encarregar de demonstrar que apenas vão sobreviver os que realmente produzirem corretamente.
Quem tiver seguro ou soluções antigranizo vai ter menos perdas por este problema. Quem tiver certificações, vai poder ver a sua fruta comercializada. Quem tiver aconselhamento técnico credível, vai ter maior produtividade por hectare. Quem se aliar a estruturas competentes e sólidas que possam acompanhar as necessidades do mercado vai ver o seu fruto mais valorizado. Estes são os que vão continuar e talvez aumentar as suas produções, enquanto que os demais, vão provavelmente desistir, por não conseguirem ter retorno financeiro do investimento.
Para ler na íntegra na Voz do Campo n.º 224 (março 2019)