A 26 de novembro é assinalado o Dia Mundial da Oliveira e, para a Deifil e parceiros, este ano, junta-se às celebrações a aprovação de um projeto que quer proteger as suas variedades através da multiplicação clonal. A ancestralidade junta-se à inovação numa promessa de futuro que se inicia no campo e vai ao laboratório – não simbolizasse a oliveira paz e sabedoria.
Aprovado no âmbito do PT2030 com um investimento total elegível superior a 1 milhão de euros, o projeto miOlive3 é liderado pela Deifil e conta com o MORE CoLAB, INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e Instituto Politécnico de Bragança (IPB) no papel de copromotores.
A missão
A oliveira é geralmente multiplicada por métodos de propagação convencionais, apresentando muitas das suas variedades tradicionais uma grave limitação na quantidade e qualidade das plantas obtidas. Estas limitações são agravadas pelo empobrecimento dos solos, o aparecimento de novas pragas e doenças e pelas alterações climáticas. Foi precisamente a partir daqui que se desenhou a missão do miOlive3.
Os principais objetivos do projeto incluem o desenvolvimento de variedades de oliveira micropropagadas, micorrizadas e microenxertadas através de técnicas de cultura in vitro, utilizando plantas-mãe selecionadas em campo pela sua excelência na qualidade de azeite, e o desenvolvimento de produtos bioestimulantes à base de microrganismos micorrízicos e endofíticos, naturalmente presentes nos solos dos olivais e na oliveira.
“O projeto irá iniciar com a seleção das variedades portuguesas de maior interesse para que, recorrendo à micropropagação, à micorrização e à microenxertia, sejam disponibilizadas plantas de oliveira com características diferenciadoras, mais resilientes e adaptadas aos olivais portugueses, preservando o germoplasma nacional”, explica Andreia Afonso, CEO da Deifil. “Além disso, e mantendo sempre como foco a gestão eficaz dos recursos naturais e a melhoria da produtividade, o projeto contempla o desenvolvimento de um produto micorrízico desenhado para os solos portugueses, com espécies de fungos micorrízicos e endofíticos presentes nestes mesmos olivais”, acrescenta.
A construção e a consolidação da cadeia de valor do olival é outra das metas do projeto que arrancou no passado mês de outubro, sendo que os resultados esperados incluem a obtenção de variedades de oliveira selecionadas, com foco nas portuguesas, aplicando técnicas modernas e inovadoras de biotecnologia vegetal para a sua multiplicação clonal, o desenvolvimento de um protocolo de microenxertia in vitro e in vivo para a oliveira e o desenvolvimento de um produto bioestimulante micorrízico para o olival, com base na análise do microbioma específico das raízes e rizosfera do olival português.
Próximos passos
“Os próximos passos do projeto passam pela seleção em campo das cultivares para serem estabelecidas in vitro e posteriormente propagadas. Para esta seleção serão caracterizados o azeite e a azeitona, de forma a propagar as variedades de maior interesse para os produtores. Será também avaliado e caracterizado o microbioma da rizosfera e da raiz. Este será o primeiro passo para o desenvolvimento de um produto micorrízico específico para as variedades portugueses, que terá em consideração os microrganismos presentes nos olivais portugueses”, avança Andreia Afonso.
A indústria do azeite tem sido um pilar essencial na economia do nosso país, contribuindo significativamente para o seu rendimento. A sua importância económica continua a crescer dentro do panorama agroalimentar português, bem como o seu reconhecimento internacional pela qualidade.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a área de olival no território português tem vindo aumentar ao longo dos últimos anos, tendo verificado um crescimento de 13,09% entre o período de 2012 a 2022. No ano de 2022, cerca de 379 mil hectares nacionais estavam plantados com oliveiras, sendo as três regiões mais representativas o Alentejo (53,01%), Trás-os-Montes (21,49%) e a Beira Interior (12,84%).
Fonte: MORE CoLAB