Quebra nas exportações agrícolas registada em janeiro indicia um recuo no primeiro trimestre do ano das emissões nacionais. Governo estudo eventuais novos apoios. Mais de 300 milhões estão previstos na ‘bazuca’.
Os números do trimestre ainda não estão fechados, mas a ministra da Agricultura estima que as exportações agrícolas nacionais até março tenham ficado abaixo do ano passado. O Governo está a avaliar a possível criação de novos apoios.
Depois de um ano de crescimento em contraciclo com os restantes setores da economia, as perspetivas para as exportações do primeiro trimestre “não são, infelizmente, tão boas quanto seria desejável”, reconhece Maria do Céu Antunes, em entrevista ao Jornal de Negócios.
Os números de janeiro indiciam “resultados menos animadores” face aos do primeiro confinamento, com as exportações do complexo agroalimentar a recuar 4,7% para 522 milhões, tendo as importações registado uma descida de 5,4%, para 774 milhões de euros.
“Importa aguardar pelos resultados de fevereiro e março”, diz a Ministra da Agricultura. A criação de mais apoios “tem de ser feita dentro do pacote orçamental de cada Estado-membro da União Europeia no âmbito da Política Agrícola Comum”, lembra a ministra da Agricultura. “Estamos a fazer essa avaliação junto do setor”.
A ministra promete “para muito breve” a abertura de avisos do programa Next Generation, a “bazuca” europeia, que contém 354 milhões para o setor, aplicados em regime de custos simplificados. “Desde a submissão da candidatura à sua avaliação, aprovação e pagamento, o processo tem de ser cada vez mais rápido.”
No ano passado foram pagos 1.600 milhões de euros em ajudas ao setor, mais 168 milhões do que face ao ano anterior. Entre as medidas esteve antecipação do pagamento das ajudas do pedido único, de outubro para agosto, no valor de 110 milhões, e um reforço de 85 milhões dos pagamentos diretos.
Foram criados programas de apoio para setores mais afetados pelo encerramento dos cafés e restaurantes, caso do vinho que recebeu 11 milhões para destilação e armazenamento de crise. A ministra da Agricultura destaca ainda o peso das linhas de crédito, que “tiveram adesão” por parte dos produtores. No início de março estavam aprovados 600 milhões de euros.
Além das medidas excecionais criadas nos programas nacionais, “houve ainda ajudas para o leite e as carnes, que foram geridas por Bruxelas, às quais os agricultores se puderam candidatar diretamente”, lembra.