A ministra da Agricultura defendeu hoje a implementação de um modelo de acordos plurianuais entre os produtores e o comércio, na região do Douro, com vista a uma “estabilidade no preço da uva”.
“Há um modelo que nós temos defendido e que enfatizamos também neste momento que é, nomeadamente, os acordos plurianuais entre a produção da uva, a produção do vinho e a sua comercialização, para termos uma estabilidade no preço da uva relativamente àquilo que são as flutuações que acontecem”, afirmou Maria do Céu Antunes, que falava aos jornalistas na Escola Profissional do Rodo, no Peso da Régua.
A governante lembrou as oscilações das produções e dos preços das uvas e referiu que isso “tem, inevitavelmente, repercussão nesta região”.
Esta vindima, no Douro, ficou marcada por alguma agitação social porque, invocando dificuldades de vendas de vinho, grandes empresas não compraram ou compraram uvas em menos quantidade aos produtores que, por sua vez, se queixaram de entregar as uvas “sem preço” ou a “preços muito reduzidos”.
“Porque em momentos difíceis, como este, são os pequenos viticultores que mais sofrem, nomeadamente com a incapacidade que têm de colocar as uvas na produção”, salientou a ministra.
No entanto, segundo Maria do Céu Antunes, “está na mão, nomeadamente do conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), fazer propostas como esta”.
A ministra exemplificou com o setor da pesca e o acordo que vai ser assinado, nos próximos dias, “entre os pescadores do cerco, sardinha, e as conserveiras para poder haver uma conciliação entre aquilo que é o ‘stock’ excedente e a sua utilização sem desperdício e com ganho para todos”.
“Aqui, também temos que fazer acordos plurianuais onde a estabilização dos preços possa acontecer”, defendeu.
Esta medida poderia ir ao encontro do defendido pelas associações representativas da produção que reclamam um “contrato de vindima” a assinar entre o viticultor e o operador, com vista à determinação do preço e quantidade de uvas vendidas em cada vindima.
A propósito das queixas e reivindicações feitas pela região nesta vindima, a ministra lembrou que pediu propostas ao conselho interprofissional do IVDP, onde estão representados os setores da produção e do comércio, para o ministério poder “dar resposta em termos de política pública”.
“Nós temos uma ideia – nós, Governo, e o ministério da Agricultura, em concreto, com os seus organismos – daquilo que podemos fazer, mas nós não queremos impor o modelo. Nós queremos, sim, esperar que o próprio setor e a região se organize para podermos discutir, em conjunto, medidas de futuro”, sublinhou.
A ministra aproveitou ainda para lembrar que, por causa dos elevados ‘stocks’ de vinho disponíveis, foi acionada a destilação de crise, uma medida que, este ano, contou com uma verba de 20 milhões de euros a nível nacional.
“São seis milhões de euros para o Douro, com a possibilidade de destilarem até sete milhões de litros de vinho”, sublinhou.
A governante lembrou que a medida foi aprovada pela comissão Europeia.
“Estamos no limite daquilo que os destiladores são capazes e fazer e não temos autorização para introduzir mais verba para aumentar esta dimensão”, ressalvou.
Por fim, Maria do Céu Antunes focou ainda a reestruturação do setor cooperativo.
“Estamos a trabalhar com a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (CONFAGI) para pegar no tecido associativo, nomeadamente das adegas, ligadas ao setor do vinho ou outras, e poder qualificar os seus recursos humanos, qualificar a sua gestão para poder superar os desafios que são colocados”, salientou.