Como se não bastasse a já difícil situação com os preços baixos na produção, e as dificuldades de escoamento, os agricultores no Baixo Mondego, principalmente os produtores de milho, foram gravemente afetados com o mau tempo verificado em Setembro e Outubro deste ano.
O mau tempo originou a queda de searas de milho, e consequentes perdas na produção.
Em média, os produtores perderam entre 10 a 15% da produção, o que em 10 hectares de milho ultrapassa os 2 mil euros de prejuízo.
Acrescido a esta situação, os preços à produção continuam a baixar, em resultado, principalmente, das importações descontroladas. Em 2022 os produtores venderam a tonelada de milho a 335€ , em 2023 a 235€/T, agora, em 2024, os compradores oferecem apenas 222€ por tonelada.
Isto quando os fatores de produção (entre os quais o milho de semente e os adubos) têm aumentado todos os anos.
A área de milho no Baixo-Mondego é de cerca de 9000 hectares, sendo cerca de 6.000ha no Vale do Mondego.
Se tivermos em conta a área de milho total, podemos adiantar que os prejuízos no Baixo Mondego serão superiores a 1 milhão de euros no total.
A destruição de culturas anuais, implica enormes prejuízos para os produtores que, depois de todos os custos com a instalação e manutenção da cultura, veem o seu rendimento ser muito reduzido.
Os agricultores só conseguem ativação dos seguros de colheita se o prejuízo atingir o mínimo de 20% da área da exploração e se os ventos tiverem atingido uma velocidade mínima de 70 Km/hora ou então no caso de haver trombas de água em que a precipitação atinja os 10 litros/m2, durante pelo menos 10 minutos.
Estes são os seguros que estão disponíveis aos agricultores no Baixo Mondego. As seguradoras não aceitam fazer seguros do que acontece mais frequentemente, ou seja prejuízos originados pela chuva contínua abundante, e em excesso.
De que vale o Ministério da Agricultura apoiar financeiramente os seguros agrícolas se não intervém junto das seguradoras para que aceitem fazer os seguros em relação á chuva contínua abundante e em excesso?
Há 2 anos, quando houve muitos prejuízos causados pelo vento, as seguradoras alegaram que os ventos não superaram os 70Km/hora, e não pagaram.
Para medição da velocidade do vento, as seguradoras só aceitam as medições feitas em Bencanta pela Escola Superior Agrária de Coimbra, ou seja, uma zona completamente diferente das zonas expostas de milho no Baixo – Mondego.
Para a situação dramática e excecional em que se encontram os produtores, exigem-se soluções excecionais por parte do Governo, para minimizar os prejuízos.
A ADACO-Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra reclama medidas urgentes, tais como:
1 – Atribuição de ajudas a fundo perdido pela perca de rendimentos, ou a abertura por parte do Governo de uma medida do PDR, de Restauração do Potencial Produtivo;
2- Que o Governo legisle no sentido dos seguros contemplarem os prejuízos causados pela pluviosidade/chuva contínua abundante e em excesso, aquando das colheitas ;
3 – Que as seguradoras, independentemente das velocidades dos ventos, ou das quantidades mínimas exigidas por m2 para as trombas de água, paguem o prejuízo que for efetivamente causado por estes fenómenos, desde que seja igual ou superior aos 20% da área semeada (área de prejuízo para se ativar o seguro);
4 – Que sejam consideradas para efeitos de seguros agrícolas, as medições da velocidade dos ventos e da pluviosidade, feitas pela Proteção Civil,
5 – Que o Governo intervenha no controle de preços à produção de milho, criando um Observatório de Preços que estabeleça um preço mínimo justo na produção, que neste momento seria de 345€ por tonelada;
6- Que para efeitos de uma eventual candidatura ao PDR criada pelo Ministério da Agricultura, seja suficiente a apresentação da fatura como meio de pagamento; pois os agricultores não têm capacidade financeira para pagarem antecipadamente e só depois receberem;
7 – Que sejam consideradas no Orçamento do Estado para 2025, medidas de apoio a fundo perdido para as culturas e estruturas agrícolas destruídas.
Fonte: ADACO