Cerca de 50 das 80 espécies de plantas endémicas dos Açores correm algum risco de extinção, segundo o biólogo do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da universidade da região Luís Silva.
“Fizemos um estudo há algum tempo e talvez pelo menos 50 espécies, grosso modo, tivessem algum grau de ameaça”, afirmou o investigador à agência Lusa, referindo que se forem consideradas as endémicas e as nativas, que contabiliza entre 200 e 300, “pelo menos 90 teriam algum grau de ameaça” e “deveriam ser prioritárias em termos de conservação”.
Um grupo de especialistas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) em plantas da Macaronésia, que incluiu o biólogo, realizou esta semana em Ponta Delgada um ‘workshop’ em “Métodos de avaliação de espécies ameaçadas seguindo os critérios da IUCN” (sigla em inglês para União Internacional para a Conservação da Natureza).
Segundo o docente da academia açoriana, algumas destas espécies desempenham um “papel muito importante nos ecossistemas porque mantêm a sua estrutura” e se forem destruídas “todas as outras deixam de existir”.
Existem ainda espécies que são “muito raras” e justificam planos específicos, como a alfacinha, da família da alface e ameaçada de extinção, que se encontra nas Sete Cidades, na ilha de São Miguel com “muito poucos indivíduos”, a par da Terceira, Faial e Pico.
O plano de trabalhos do grupo de especialistas contemplou várias ações-chave, sendo uma das principais a criação e a atualização de avaliações de espécies ameaçadas para a lista vermelha da IUCN.
Luís Silva defende uma lista vermelha específica para os Açores que seria complementar e poderia englobar plantas que não são só endémicas, como as nativas, que “podem ter populações nos Açores importantes”, como o feto.
Durante o encontro, os especialistas abordaram a metodologia utilizada na avaliação do risco de extinção das espécies, seguindo os critérios da IUCN, pretendendo-se com esta formação “assegurar altos padrões de qualidade nas avaliações publicadas sob a alçada do grupo”.
A reunião incluiu uma caracterização da situação atual do número de espécies da Macaronésia com avaliações já efetuadas e publicadas, naquele que constituiu o segundo encontro do grupo.
A primeira reunião teve lugar nas ilhas Canárias em 2018, sob a égide do Jardín Botánico “Viera y Clavijo”.
A importância do grupo reside no facto de a Macaronésia (conjunto formado pelos arquipélagos dos Açores, da Madeira, das Canárias e de Cabo Verde) se incluir no designado ‘hotspot’ da bacia do Mediterrâneo, uma das 36 regiões do mundo que são consideradas como ‘hotspots’ de biodiversidade.
Fonte: Sapo.pt