O Presidente francês, Emmanuel Macron, insistiu hoje em “melhorar” o acordo da União Europeia (UE) com o Mercado Comum do Sul (Mercosul), com a inclusão de cláusulas de salvaguarda, o que permitiria reverter a rejeição francesa.
“Opomo-nos a este acordo”, reiterou Macron em declarações à imprensa durante uma visita à localidade rural de Roquefort sur Soulzon, em Aveyron (sul da França), embora também tenha admitido que, ao mesmo tempo, luta “para melhorá-lo”.
Macron explicou que a França trabalha nesta questão com parceiros da UE, como a Itália, a Polónia, a Bélgica, a Roménia e outros países “que têm os mesmos problemas”.
“É um acordo bom para muitos setores, mas não podemos sacrificar o setor agrícola”, acrescentou.
Por essa razão, o Presidente francês indicou que estes países procuram a inclusão de cláusulas de salvaguarda para que possam “dizer basta” no caso de ocorrer uma desestabilização de algum dos mercados.
“Este é o tipo de cláusula que usámos há alguns anos com a Ucrânia, por exemplo. Funcionou bem, e é isso que queremos”, referiu.
Para Macron, “trata-se de concluir este acordo, tal como promovido desde o início, para que possa abordar as preocupações legítimas” que têm em vários setores agrícola.
O chefe de Estado francês acrescentou que já existiram “os primeiros contactos com os argentinos e os brasileiros para lhes explicar isto”, quando o ministro do Comércio francês, Laurent Saint-Martin, esteve na Argentina e no Brasil na semana passada.
Em contrapartida, Macron advertiu claramente que “se o acordo se mantiver como está”, a França irá opor-se e tentar “ter uma minoria de bloqueio para que não entre em vigor”.
No início de junho, durante uma conferência de imprensa em Paris, o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, garantiu que o acordo que envolve 31 países não pretende “prejudicar os produtores franceses”, acusando a França de “falta de sensibilidade”.
Segundo o líder brasileiro, o Parlamento Europeu deverá aprovar o acordo, porém o acordo entre a UE e o bloco Mercosul, com presidência brasileira até dezembro, “tem de ser coletivo”, não é apenas “um acordo unilateral entre a França e o Brasil”.
O acordo com o bloco que integra Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai deve permitir à UE exportar mais automóveis, máquinas e bebidas espirituosas, em troca da entrada de carne, açúcar, arroz, mel ou soja sul-americanos, sendo apoiado por países como a Alemanha e Espanha, mas contestado por vários países europeus.