O Livro Vermelho dos peixes de água doce e migradores deverá ser divulgado em junho, bem como a avaliação do estado de conservação desse género de peixes, investigações que estão a ser desenvolvidas em paralelo.
A data foi hoje avançada à Agência Lusa pela coordenadora do projeto da avaliação do estado de conservação dos peixes de água doce em migradores em Portugal continental, Filomena Magalhães.
O chamado “Livro Vermelho e Sistema Nacional de Informação dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos de Portugal Continental” (peixes de água doce e peixes que migram de água doce para água salgada e vice-versa), devia ter ficado pronto em 2021, mas atrasou-se devido à pandemia de covid-19.
Porque o trabalho implicava atualizações e avaliações genéticas, para perceber a identidade de algumas populações e as suas origens, foi necessário pedir a prorrogação do projeto, que foi aceite, explicou a responsável.
Através do Livro Vermelho, seguindo as normas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) faz-se uma avaliação do risco de extinção de espécies, que está a ser concluída e deve estar pronta em junho.
Atualmente também está a ser feita uma avaliação para determinar o estado de conservação de espécies listadas na Diretiva Habitats, que deverá estar pronta em junho, explicou Filomena Magalhães.
A equipa do projeto, num comunicado, explica que a Rede Natura 2000, uma rede ecológica de áreas de proteção da natureza na União Europeia (UE), se destina a assegurar a conservação das espécies e dos habitats mais ameaçados da Europa, “contribuindo assim para travar a perda de biodiversidade que se verifica a nível global”.
Uma das diretivas europeias que sustentam a Rede Natura 2000 é a Diretiva Habitats.
Segundo a diretiva, cada Estado-membro deve elaborar periodicamente relatórios nacionais de determinação do estado de conservação das espécies protegidas.
É neste âmbito que decorre uma nova avaliação do estado de conservação das espécies de peixes de água doce e migradores de Portugal continental que constam da Diretiva Habitats.
Um trabalho que, explica-se no documento, “fornecerá informação muito relevante sobre as áreas de ocorrência, tendências populacionais e pressões sobre estas espécies, a nível nacional”.
A avaliação decorre no âmbito do Livro Vermelho e é promovida pela Faculdade de Ciências – Fciências.ID-Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências, em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), com financiamento do POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, e pelo Fundo Ambiental.
Questionada pela Lusa, a responsável não adiantou dados sobre a investigação em curso.
Mas o Livro Vermelho dos Vertebrados, publicado em 2005, indicava que em termos globais eram os peixes de água doce e migradores que apresentavam uma maior percentagem de espécies classificadas como ameaçadas.
“Os peixes dulciaquícolas e migradores correspondem ao Grupo Taxonómico com a percentagem mais elevada de Entidades classificadas com Categorias de ameaça ou quase ameaçadas (69%), seguindo-se-lhes as aves (40%), os répteis (32%), os mamíferos (26%) e os anfíbios (19%)”, indica informação sobe o livro disponibilizada na página oficial do ICNF.
Em outubro de 2021 também foi anunciada a atualização do Livro Vermelho dos Peixes Marinhos de Portugal, que deverá estar pronta este ano.