O líder socialista apontou hoje o dedo à “falta e descoordenação de meios” no combate aos incêndios, apelando ao Governo que se reúna com a Proteção Civil para avaliar o que está falhar.
“O que tenho sentido, e o que me relatam, é que há falta de meios e descoordenação de meios e apelo ao Governo e ao primeiro-ministro para reunir a Proteção Civil, os responsáveis máximos e intermédios da estrutura, e avaliar o que está a falhar no terreno, porque estes são momentos muito difíceis”, disse José Luís Carneiro em declarações aos jornalistas em Paredes de Coura, no distrito de Viana do Castelo.
Para o secretário-geral do PS, o Governo está a “cometer um erro ao não declarar a situação de contingência”.
Carneiro indicou como uma das falhas que terão de ser avaliadas “em momento oportuno” a decisão do Governo de não acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil.
“Os briefings matinais e ao fim do dia são fundamentais para dar tranquilidade às pessoas e não temos visto isso na gestão desta crise”, lamentou.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou hoje que o Governo está a agir de forma discreta no combate aos incêndios, mas “muito próxima” e tentando ser “o mais eficaz possível”, mas remeteu uma avaliação para mais tarde.
Num discurso na Festa do Pontal, no Calçadão da Quarteira, no Algarve, Montenegro afirmou que não esquece os compatriotas que estão “confrontados com um flagelo”, referindo-se aos incêndios florestais, cuja ocorrência atribuiu a condições meteorológicas “difíceis e adversas”, muitas vezes a “alguma falta de cuidado e negligências”, e, noutras, a “condutas criminais”.
“Nós estamos a fazer o esforço máximo para não deixar ninguém sozinho, a fazer o esforço máximo para mobilizar todos os meios que temos, para salvaguardar, em primeiro lugar, as vidas e a saúde de todos os nossos compatriotas, para salvaguardar o seu património e o que é de todos nós: o nosso património natural”, assegurou.
A situação de alerta devido ao risco agravado de incêndio foi prolongada até domingo, anunciou hoje a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, após uma visita à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
“Perante a adversidade de 22 dias consecutivos de calor intenso não dar sinais de abrandar, o Governo vai prolongar uma vez mais a situação de alerta, até domingo”, anunciou a ministra em declarações aos jornalistas.
Maria Lúcia Amaral sublinhou que se mantêm todas as restrições e proibições impostas pela situação de alerta de risco agravado de incêndio.
Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio desde 02 de agosto e nas últimas semanas têm deflagrado vários incêndios no norte e centro do país que já consumiram mais de metade dos cerca de 75 mil hectares de área ardida este ano.