Uma equipa de investigadores europeus realizou um estudo que avaliou a suscetibilidade entre javalis e porcos domésticos no que toca à infeção do vírus da peste suína africana (PSA), tendo concluído que os javalis são mais suscetíveis ao vírus do que os suínos domésticos.
De acordo com a análise, os javalis apresentaram períodos de incubação mais curtos, um início mais precoce dos sinais clínicos, hipertermia e o desenvolvimento mais rápido de lesões hemorrágicas graves e extensas.
Além disso, os javalis apresentaram viremia (quantidade de vírus no sangue) mais cedo, assim como a presença mais precoce do genoma do vírus em órgãos-alvo.
“Em particular, os tecidos linfoides dentro do trato da boca e do nariz, incluindo os linfonodos retrofaríngeos mediais, foram identificados como portais-chave para a infeção pelo vírus da peste suína africana, assim como para a infeção sistémica e a doença após exposição intranasal”, explicam os investigadores.
Segundo os cientistas, desde a reintrodução do vírus da PSA na Europa, em 2007, e a sua subsequente disseminação pela Ásia, o javali tem desempenhado “um papel crucial na disseminação do vírus”.
No entanto, estes admitem existirem “importantes lacunas” no conhecimento sobre a dinâmica da infeção e patogénese da doença em porcos domésticos e javalis, particularmente na fase inicial da infeção.
Os animais analisados estavam infetados com um dos vírus isolados originais, com alta virulência, do genótipo II da PSA e as experiências foram realizadas em instalações de contenção da Agência de Saúde Animal e Fitossanitária (APHA), no Reino Unido.
O estudo, financiado pelo VetBioNet, um programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia (UE), envolveu a eutanásia de três porcos domésticos e três javalis nos dias 1, 2, 3 e 5 pós infeção, enquanto quatro porcos domésticos e quatro javalis foram continuamente monitorizados para estudo dos sintomas ao longo do tempo.
Os parâmetros avaliados incluíram sinais clínicos, lesões macroscópicas, níveis de viremia, carga viral tecidual e depuração do vírus em zonas nasais e retais a partir do primeiro dia após a infeção.
“Reconhecer as diferentes respostas entre javalis e porcos domésticos é fundamental para projetar estratégias de controlo eficazes, como o desenvolvimento de vacinas e a compreensão da disseminação do vírus da peste suína africana em diferentes populações hospedeiras. Não temos dúvidas de que mais investigações são necessárias para descobrir os fatores genéticos e imunológicos que contribuem para essas diferenças”, concluem os investigadores.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.