O grupo de Bioativos & Bioproductos do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) da Universidade Católica Portuguesa coordena um projeto que procura desenvolver soluções inovadoras de embalagem com propriedades bioativas, extraídas de subprodutos vegetais produzidos na zona do mediterrâneo. O projeto NOVAPACK – Novel Antimicrobial Coatings and Packaging in the Mediterranean reúne oito parceiros de quatro países mediterrânicos – Portugal, Espanha, Tunísia e Egito – regiões particularmente afetadas pelo desperdício alimentar, escassez de água e alterações climáticas.
“O NOVAPACK tem promovido a cooperação científica entre países mediterrânicos, o intercâmbio de conhecimento sobre biotecnologia e materiais sustentáveis, mas também a formação de jovens investigadores em práticas de bioeconomia circular,” revela Manuela Pintado, investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa e coordenadora do projeto.
Desde o lançamento do projeto em dezembro de 2024, o consórcio liderado pelo Centro de Biotecnologia e Química Fina concluiu a caracterização físico-química e microbiológica dos subprodutos selecionados, bem como a otimização dos processos de extração verdes com foco na obtenção de compostos bioativos, nomeadamente polifenóis, polissacarídeos e fibras estruturais, ingredientes com diferentes propriedade tecnológicas e funcionais, desde extratos com potencial antimicrobiano e/ou antioxidante, até materiais flexíveis e biodegradáveis, fundamentais ao desenvolvimento de novas embalagens inteligentes e amigas do ambiente. A colheita das matérias-primas, ocorreu em território nacional com produtores e indústria, os quais permitiram o fácil acesso. Após o processo de recolha controlada e controlo de qualidade e segurança alimentar foram produzidos os primeiros extratos, os quais seguem uma ideologia de extrações verdes e que permitem extrações em cascata de diferentes compostos/ moléculas de interesse. As avaliações de atividade biológica e estabilidade dos extratos já desenvolvidos apresentam resultados promissores para a sua futura incorporação em embalagens inteligentes e biodegradáveis.
Enquanto coordenador do consórcio internacional, o Centro de Biotecnologia e Química Fina é responsável pela gestão científica e técnica do projeto, pela articulação entre os parceiros e pela garantia da coerência científica das atividades. Simultaneamente, atua como parceiro científico e tecnológico de referência, desenvolvendo a investigação necessária à formulação e otimização dos novos extratos e novos revestimentos, avaliando a sua eficácia e segurança alimentar, e promovendo a transferência de conhecimento entre os parceiros.
Em Portugal, o projeto envolve não só o Centro de Biotecnologia e Química Fina, bem como a startup AgroGrIN Tech, responsável pelo scale-up em ambiente piloto dos extratos com maior potencial. Extratos esses, que serão enviados para Espanha, para a avaliação pelo CTNC, e aplicação pela EVERSIA e AIMPLAS, parceiros industriais nas áreas de produção de compósitos e embalagens, que farão a integração dos extratos e produção em ambiente industrial. As embalagens produzidas serão depois caracterizadas e validadas, bem como testadas no terreno, pelo parceiro do Egipto – NRC – que avaliará a permanência das características, e pelos parceiros da Tunísia – a Universidade de Gabes, parceiro de I&D, e Zina Fresh, produtor de vegetais e frutas.
Para o futuro, o projeto espera alcançar impactos significativos, incluindo a redução do uso de plásticos na conservação de alimentos perecíveis, o controlo eficaz da deterioração alimentar através de extratos naturais, o reforço económico dos produtores e agricultores, e a criação de ecossistemas agrícolas mais resilientes às alterações climáticas. O NOVAPACK contribui ainda para vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, nomeadamente na segurança alimentar, agricultura sustentável e uso eficiente dos recursos naturais.
“As próximas etapas incluem a formulação dos revestimentos antimicrobianos e a validação da sua eficácia e segurança em condições aplicadas, garantindo soluções inovadoras, seguras e ambientalmente responsáveis, adaptadas às necessidades da região do Mediterrâneo,” conclui.
Com uma duração de 36 meses, o NOVAPACK encontra-se atualmente no final do primeiro ano, tendo alcançado progressos significativos na caracterização de subprodutos agroalimentares e na obtenção de extratos bioativos.

Fonte: Universidade Católica












































