As autoridades moçambicanas estimaram hoje que mais de 55 mil pessoas estão em situação de insegurança alimentar aguda na província de Inhambane, sul de Moçambique, devido aos efeitos do ‘El Niño’.
“A avaliação realizada nos meses de abril e maio do ano corrente nos distritos de Funhalouro, Govuro, Panda e Mabote, registou que um total de 55.355 pessoas estão em situação de insegurança alimentar aguda na província”, disse o governador daquela província, Eduardo Mussanhane, justificando esta realidade com os efeitos do fenómeno climático ‘El Niño’.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente secas, cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
“Devemos promover a intensificação na proteção das culturas, a formação das comunidades em matérias de agro processamento e a promoção da educação alimentar”, referiu Eduardo Mussanhane.
O ‘El Niño’ é uma alteração da dinâmica atmosférica causada por um aumento da temperatura oceânica. Este fenómeno meteorológico provocou também chuvas torrenciais na África Oriental, que causaram este ano centenas de mortos no Quénia, Burundi, Tanzânia, Somália e Etiópia.
Em Moçambique, segundo dados das Nações Unidas, no período entre dezembro e fevereiro de 2024 registou-se seca durante 30 dias consecutivos e uma avaliação feita em parceria entre o Governo moçambicano e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estimou em 720 mil toneladas a produção perdida no ano agrícola 2023/2024, equivalente a 19% do total, que é de 3,8 milhões de toneladas.
No final de setembro de 2023, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou para a preparação da população e das entidades para os previsíveis efeitos do fenómeno ‘El Niño’ no país nos meses seguintes, com previsões de chuvas acima do normal e focos de seca.
“A história repete-se. Então, temos de criar condições de resiliência. Nesse sentido, o Governo emitirá avisos regulares para manter a população informada e preparada para as condições climáticas que podem não ser favoráveis à vida, à produção ou às infraestruturas”, afirmou.