O presidente da Agência para a Gestão Integrada de Integrada de Fogos Rurais admitiu que ainda há um caminho a percorrer na prevenção e combate aos incêndios, considerando que as entidades têm agora de se organizar depois dos reforços.
“Este problema dos incêndios exige que as entidades tenham capacidades instaladas para gerir situações difíceis”, disse à agência Lusa Tiago Oliveira, avançando que, após os fogos de 2017, “as organizações se capacitaram, tiveram recursos, orçamento e pessoas reforçadas em termos técnicos”.
O presidente da Agência para a Gestão Integrada de Integrada de Fogos Rurais (AGIF) sublinhou que o conhecimento “está disponível”, sendo “agora uma questão de gestão e organização” das entidades, designadamente da Proteção Civil e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Segundo Tiago Oliveira, a capacidade foi reforçada, devendo cada entidade “fazer o seu trabalho e preparar-se para o melhor”.
“A Proteção Civil tem que reforçar o programa ‘Aldeias Seguras, Pessoas Seguras’, reforçar os mecanismos de aviso e de alerta e de evacuação quando necessário e depois, no caso do incêndio, ser capaz de sincronizar e coordenar os recursos das várias entidades. Isso é sempre difícil e muito exigente”, disse.
O relatório realizado pela Subcomissão Nacional de Lições Aprendidas do Sistema de Gestão Integrado de Fogos Rurais (SGIFR), presidida pela AGIF, aos grandes incêndios de 2022 defende que “são necessárias 45 ações corretivas” no sistema de fogos rurais, existindo 12 “medidas prioritárias” que devem ser aplicadas já este ano pelas entidades responsáveis pelo combate.
Tiago Oliveira afirmou que a Proteção Civil se comprometeu a fazer as correções e as melhorias que foram identificadas.
“O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais foi aprovado e julgo que tem a maioria delas [12 medidas], disse.
Em relação ao Instituto da conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o presidente da AGIF sustentou que “tem havido pouco fogo controlado durante o inverno”, sendo necessário dar mais apoio às queimadas dos pastores.
“Portanto, há aqui ainda muito a fazer. Esse caminho tem que ser feito com perseverança e resiliência. Tem que ser feito sempre balanceando mais dinheiro para a prevenção, não colocando tanto dinheiro no combate, mas sempre num equilíbrio consistente e organizado”, frisou.
“Como digo desde o princípio, isto é uma maratona, nós podemos ganhar a maratona se corrermos a 20 quilómetros por hora ou podemos ficar a meio da tabela, se só corremos a 10 quilómetros por hora. Acho que a gente podia correr mais depressa. Há condições para correr mais depressa, mas isto exige uma alteração dos processos de trabalho e dos procedimentos para termos resultados diferentes”, concluiu.
Os últimos dados divulgados pelo Ministério da Administração Interna (MAI) indicam que, entre 01 de janeiro e 10 de maio, um total de 2.646 incêndios rurais que resultaram em 7.709 hectares (ha) de área ardida, entre povoamentos florestais (2125 ha), matos (5414 ha) e agricultura (170 ha).
Segundo o MAI, o ano de 2023 apresenta, até ao dia 10 de maio, o quinto valor mais elevado em número de incêndios e o quinto valor mais elevado de área ardida, desde 2013.