O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse hoje ter “total confiança” no dispositivo de combate aos incêndios, frisando que está “a 100% no terreno”, e pediu que se respeite quem está a trabalhar em prol da segurança da população.
“Nós mantemos uma confiança total no nosso dispositivo. O nosso dispositivo está a 100% no terreno, disponível, não obstante estes 24 dias seguidos de severidade meteorológica, como não há registo no nosso país”, afirmou Luís Montenegro em declarações aos jornalistas após ter-se reunido com o comando da Proteção Civil, em Carnaxide.
O primeiro-ministro reconheceu que os portugueses estão “todos muito esgotados, são dias e dias de sofrimento, de terror em muitos casos”, mas pediu que se tenha “o discernimento” de respeitar quem está a tratar da segurança da população, “sejam eles as forças da autoridade, as Forças Armadas” ou os bombeiros.
“É necessário que todos continuem a ter noção de que há uma cadeia de comando e de que há também forças que estão consecutivamente a serem chamadas para operações em vários locais, ao mesmo tempo, com períodos de descanso que se vão acumulando que, naturalmente, precisam de ter a compreensão e o respeito de todos”, disse.
O chefe do executivo frisou que o país tem atualmente o “maior dispositivo de sempre disponível e a exercer todos os dias a sua missão”, salientando que “90% das ocorrências” “têm sucesso no chamado ataque inicial”.
“Ou seja, há muita gente sob pressão, que está mobilizada, muito dispositivo que está mobilizado para os teatros de operações mais complexos, que está a viver os momentos mais difíceis, mas há uma outra componente do dispositivo que tem evitado muitos outros incêndios que, se não fossem atacados com esta prontidão inicial nos primeiros 90 minutos, podiam ter uma propagação igual ou pior”, referiu.
Luís Montenegro defendeu, por isso, que é preciso ter confiança no dispositivo de combate aos incêndios, apesar de reconhecer que há quem possa ter dificuldade em interpretar essas palavras “numa altura em que há tanto sofrimento”.
“Mas nós temos mesmo de confiar nos nossos bombeiros, nas forças de segurança, na nossa GNR, em todas as autoridades, nos nossos autarcas, nas Forças Armadas, nos sapadores florestais”, pediu.
O primeiro-ministro ressalvou que não está a dizer que “é tudo perfeito”, frisando que, em momentos de crise, há sempre “alguma irritação” e pode haver até “alguma descoordenação momentânea”, mas frisou que está a ser “dado o máximo por muita gente e estão a ser evitadas tragédias”.
“Nós compreendemos as palavras de indignação que muitas vezes são emitidas, mas também queremos que as populações possam confiar que há meios, há um país, há um dispositivo que está a fazer um esforço absolutamente notável”, frisou, acrescentando que, sempre que há uma ocorrência, há a sensação “de que falta qualquer coisa, porque os meios não são ilimitados”.
“Nós sabemos disso e isso vai necessitar uma grande capacidade de solidariedade, de unidade nacional, para podermos ultrapassar os focos que são mais problemáticos”, disse.
No início destas declarações, Luís Montenegro deixou uma palavra de condolências pela morte de um bombeiro do Corpo de Bombeiros da Covilhã, que morreu este domingo num acidente de viação quando se deslocava para um incêndio rural que deflagrou no concelho do Fundão.
Montenegro manifestou consternação, enviando condolências à família, à corporação que servia e ao seu município, e deixou uma palavra de reconhecimento “a todos aqueles que estão no terreno” a defender vidas e o património nacional.