Mais de 2.000 colónias de abelhas e 41 apicultores foram afetados pelos incêndios de agosto, só da Associação de Apicultores da Beira Alta (AABA), disse hoje à agência Lusa o presidente da organização, Rafael Guimarães.
“Só da AABA, estamos a falar de 41 apicultores e cerca de 2.000 colónias diretamente afetadas. Das que nos foram reportadas diretamente, foram 567 que arderam e 1.449 que, neste momento, não têm qualquer tipo de pasto”, contabilizou Rafael Guimarães.
A AABA tem associados em todo o distrito de Viseu e da Guarda e ainda em dois municípios – Tábua e Oliveira do Hospital, do distrito de Coimbra. Nessa região, há quatro associações de apicultores e a da Beira Alta “é a mais antiga”.
Segundo Rafael Guimarães, as restantes associações que trabalham na região “têm números muito idênticos, umas um pouco mais, outras menos um bocadinho, portanto, em quatro associações na região é só fazer as contas”, cerca de 8.000.
A preocupação, neste momento, é com a alimentação das abelhas, adiantou Rafael Guimarães, que está a tratar de “encaminhar os dados para as entidades” no sentido de os apicultores “poderem receber apoio para comprarem alimentos”.
“Há municípios que já estão a dar alimentos para os animais, onde incluem as abelhas, o que é bom, mas só estão incluídas as pastas açucaradas, mas daqui a uns tempos vão precisar dos bifes proteicos, um alimento bastante mais caro”, indicou.
Rafael Guimarães especificou que as abelhas recolhem das flores néctar e pólen que têm funcionalidades diferentes e o néctar está a ser substituído pelas pastas açucaradas.
“Mas é ao pólen que vão buscar as proteínas para a sua sobrevivência e reprodução e esse tem de chegar nos próximos tempos, porque a natureza já não vai ter esse alimento, e é preciso, o quanto antes, dar-lhes o bife proteico”, indicou.
Isto porque as abelhas ao estarem “a ser alimentadas só com pasta açucarada, em termos nutritivos, não é o ideal, porque a alimentação devia ser mais diversificada para evitar doenças parasitárias”.
Além de que, uma “má alimentação agora vai repercutir-se mais tarde”, por um lado “no estado nutritivo e, por outro, na capacidade para suportarem adversidades” de várias ordens, até climáticas.
Portugal continental foi afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Os fogos provocaram quatro mortos, entre eles um bombeiro, e vários feridos e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Segundo dados oficiais provisórios, até 29 de agosto arderam cerca de 252 mil hectares no país.