Um estudo feito nos Estados Unidos, e divulgado hoje, concluiu que a probabilidade de haver incêndios florestais de gravidade elevada é quase uma vez e meia maior em florestas privadas do que em florestas públicas.
Segundo o estudo, divulgado na publicação científica Global Change Biology, as florestas geridas por empresas madeireiras têm maior probabilidade de apresentar as condições propícias aos grandes incêndios, como densas formações de árvores regularmente espaçadas, com vegetação contínua a ligar o sub-bosque à copa das árvores.
O trabalho, conduzido pelas universidades de Utah e da Califórnia e pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos, é apresentando como o primeiro a identificar como as condições meteorológicas extremas e as práticas de gestão florestal têm impacto conjunto sobre a gravidade dos incêndios.
Reunindo diversos dados, os autores do trabalho criaram mapas tridimensionais de florestas públicas e privadas antes de cinco fogos terem queimado mais de 400 mil hectares no norte da Serra Nevada americana, na Califórnia, entre 2019 e 2021.
Em períodos de clima extremo, a densidade de troncos — o número de árvores por hectare — tornou-se o indicador mais importante de um incêndio de elevada gravidade, que, por definição, queima mais de 95% da cobertura arbórea.
Perante a aceleração das alterações climáticas, a forma como é gerida a terra fará a diferença, segundo os investigadores, refere em comunicado a Universidade de Utah, envolvida no estudo.
“Estratégias que reduzam a densidade, eliminando árvores pequenas e maduras, tornarão as florestas mais robustas e resilientes ao fogo no futuro”, defendeu, citado no comunicado, Jacob Levine, principal autor do estudo, assinalando que, “sem grandes mudanças na gestão florestal, as gerações futuras podem herdar uma paisagem muito diferente da que hoje se preza”.
Em Portugal, que tem sido assolado este mês por incêndios florestais, concentrados nas regiões Norte e Centro do continente, a propriedade florestal é maioritariamente privada, incluindo pequenos proprietários e empresas (ligadas designadamente à indústria do papel e da madeira).