Biólogo do Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE) considera que é fundamental avançar com estudos de monitorização dos habitats presentes no Parque Natural, referindo que há trabalhos nesse sentido, mas sem a extensão necessária.
“Parece-me fundamental realizar estudos de monitorização, de acompanhamento, da evolução dos habitats e também da evolução das espécies [após o incêndio que afetou a região em agosto de 2022], em particular das que têm estatuto de conservação mais desfavorável, com efetivos populacionais menores e das espécies exclusivas da Serra da Estrela”, disse à agência Lusa José Conde.
Para o biólogo do CISE, estrutura do município de Seia, “seria muito importante desenvolver esses trabalhos e reforçar esses trabalhos”.
Segundo José Conde, “só com conhecimento profundo do estado da conservação das populações, é possível adotar medidas de mitigação que favoreçam a sua conservação”.
Apesar de ter conhecimento da existência de algumas equipas que começam a trabalhar nesse sentido, esses estudos “não têm a extensão e profundidade necessária”.
“O número de trabalhos em curso é muito reduzido”, constatou.
O biólogo defende também a recuperação de habitats, “que são o meio que suporta as espécies”.
“De entre as zonas afetadas, aquelas mais sensíveis são as zonas florestais nativas, constituídas por espécies arbóreas autóctones, como os carvalhais, em particular de carvalho negral, e também os azinhais, com uma área importante situada ao longo do vale do Alto Mondego profundamente afetada e que era uma área nuclear para a conservação da natureza”, constatou.
Apesar de não existirem dados concretos sobre o impacto na biodiversidade, José Conde acredita que, face à intensidade e à dimensão do incêndio, que consumiu 22 mil hectares de área protegida no Parque Natural da Serra da Estrela, os danos “são, seguramente, profundos”.
Espécies como o gato bravo ou o açor “terão sido seguramente prejudicadas”, constatou.
O biólogo do CISE considerou ainda que o controlo de espécies invasoras como as acácias deveriam estar “entre as medidas fundamentais a adotar”, notando que estão previstas, mas sem saber “qual a extensão dos trabalhos”.
“O desenvolvimento destas espécies tem um efeito pernicioso no desenvolvimento da biodiversidade local”, alertou.