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– 09-04-2004 |
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Inc�ndios : Regras europeias para a pastor�cia "alimentaram" crescimento do matoLeiria, 09 Abr "Dantes, a pessoa tinha as suas cabras e o seu gado e tinha de limpar as matas para os alimentar. Agora, com o fim das estruturas familiares, não h� quem limpe as florestas", reconhece Manuel da Costa, director-executivo do Instituto para o Desenvolvimento Agr�rio da Regi�o Centro (IDARC). Este investigador lamenta que as regras comunitárias tenham sido impostas em Portugal de uma forma "violenta", sem ter em conta "a identidade cultural" das popula��es. A proibição dos queijos tradicionais, que não reuniam condi��es sanit�rias para a comercializa��o, e a redu��o das feiras do gado retiraram os incentivos para a pequena cultura agro-pecu�ria. "A proibição dos queijos conduziu ao fim dos rebanhos de cabras. E sem animais, não h� limpeza de matas que resista", salienta o respons�vel. Na opini�o de Manuel da Costa, o Governo, na d�cada de 80 e 90, promoveu o fim destas economias paralelas mas não criou "um quadro alternativo" para as popula��es. "não houve uma evolu��o no sentido de manter estas actividades integradas numa economia de mercado" e o único incentivo para ter terrenos passou a ser a produ��o florestal, defende. Para Manuel da Costa, a pastor�cia nos vales criava uma "descontinuidade essencial" para estancar a propaga��o dos fogos. "Durante muito tempo sentimos orgulho em dizer que t�nhamos a maior mancha de pinhal cont�nua da Europa. No Ver�o passado, sentimos na pele que isso não era motivo para ficarmos contentes", sublinha. Segundo o respons�vel, mais do que a floresta, o que preocupa � o crescimento desmesurado do mato rasteiro, que dantes era destru�do pelos rebanhos e pelas popula��es, para alimentar as lareiras das casas. Opini�o semelhante tem Joaquim Chambel, coordenador distrital de Opera��es de Socorro e Protec��o Civil de Santar�m, que considera que o pior inimigo dos bombeiros � o mato e não as �rvores. além do fim da pastor�cia, Joaquim Chambel destaca o "abandono de muitas terras agr�colas" que funcionavam como "aceiros naturais" face �s chamas. Maria dos Anjos � vi�va de pastor, filha de pastor e neta de pastor. Depois da morte do marido, quis ser pastora mas não p�de. "Tinha um rebanho com 30 cabras mas tive de as vender porque não tinha s�tio em condi��es para ser pastora", confessa esta agricultora de Ansi�o, na zona demarcada do queijo do Raba�al. Agora, os matos invadiram os seus terrenos e Maria dos Anjos gasta "meia-d�zia de contos" para impedir que a erva alta e as silvas ocupem o seu quintal. Para o vereador do Ambiente de Ma��o, Ant�nio Louro, este � um exemplo do que está a suceder nos concelhos do interior: "Assistimos � morte total do sistema agr�cola que aqui existia, cuja última machadada foi a adesão � União Europeia". Segundo disse, o facto de os apoios comunitários incentivarem o abandono dos campos � outro dos exemplos da m� gestáo do territ�rio, com base das regras da União Europeia "A l�gica dos grandes países foi aplicada sem nenhuma adapta��o a um país de minif�ndio e com uma popula��o agr�cola envelhecida como Portugal", salientou o autarca. Relativamente ao futuro, por muitos esfor�os de reorganiza��o do territ�rio, os resultados v�o Também depender da manuten��o da presença humana nas zonas florestais e serranas do interior. Um exemplo de sucesso no combate � decad�ncia da pastor�cia � a Serra da Estrela, onde os incentivos aos rebanhos permitiram a manuten��o do n�mero de animais, mesmo que agrupados em pequenas sociedades de propriet�rios. Para o presidente da Associa��o Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE), Ant�nio Vaz Pato, a regi�o assistiu a um "forte abandono dos campos" na d�cada de 80 e 90. No entanto, "a situa��o estabilizou nos �ltimos tr�s ou quatro anos" e o n�mero de animais até tem tend�ncia a aumentar, face � procura do queijo da serra. O futuro do territ�rio florestal deve passar, defende Manuel da Costa, por uma gestáo "realmente integrada", contemplando incentivos �s actividades tradicionais – que suportam a limpeza dos matos – e compensa��es para os preju�zos de alguns propriet�rios, que "deixar�o de poder plantar �rvores a seu bel-prazer". "Tudo aquilo que se fizer por constrangimento revela falta de g�nio" mas � preciso "que os donos dos terrenos sejam compensados" se nas suas propriedades existir necessidade de construir uma linha de corta-fogo, defende.
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