A grande maioria dos europeus defende que os alimentos sustentáveis devem ser mais baratos ou pelo menos ao mesmo preço dos não amigos do ambiente, indica um inquérito da organização internacional WWF em 11 países, incluindo Portugal.
Os resultados foram divulgados hoje, Dia Internacional da Biodiversidade, pela Associação Natureza Portugal, que representa em Portugal a internacional “World Wide Fund for Nature”, WWF, uma das maiores organizações de conservação do mundo.
No inquérito, no qual os portugueses apontam as alterações climáticas como uma das cinco questões que mais os preocupam, os europeus afirmaram que o custo dos alimentos se tornou um fator de ansiedade, ultrapassando os custos com a habitação.
Seis em cada 10 entrevistados citaram o preço como o principal obstáculo para consumir alimentos sustentáveis. Mais de três quartos disse acreditar que os alimentos sustentáveis devem custar menos, ou pelo menos não mais, do que os alimentos que não são amigos do ambiente.
Outros dados do inquérito (respondido por quase 18.000 adultos) indicam que 75% dos entrevistados acreditam que os grandes fabricantes devem ser responsáveis por garantir que os alimentos que vendem são produzidos de forma sustentável. A maioria dos entrevistados diz que os fabricantes de alimentos e retalhistas devem ser obrigados a reduzir suas emissões de gases com efeito de estufa, comprar muito mais alimentos de produtores sustentáveis, e que os retalhistas devem parar de anunciar os seus produtos menos sustentáveis.
Os consumidores inquiridos consideram também que as cantinas públicas são um bom ponto de partida para tornar os alimentos sustentáveis mais acessíveis, nas quais pelo menos metade dos alimentos servidos deve ser produzida de forma sustentável.
“As compras públicas de alimentos, que envolvem a compra de alimentos e serviços relacionados para escolas, hospitais e universidades, raramente priorizam o consumo de alimentos sustentáveis”, afirma a WWF.
A WWF nota que o sistema alimentar da União Europeia (UE) é responsável por 31% das emissões totais de gases com efeito estufa, “e contribui significativamente para o aumento de doenças não transmissíveis, como cancro, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e diabetes”, doenças que representam 80% das doenças na UE.
Comparando com os habitantes dos outros países, segundo os dados do inquérito, os portugueses são dos que mais defendem responsabilidades das cantinas públicas na garantia de sustentabilidade dos produtos, sendo os primeiros a afirmar que mais de metade desses alimentos devem ser produzidos de forma sustentável.
E também se destacam na defesa de um aumento de fontes de proteína de origem vegetal, reduzindo ao mesmo tempo as vendas de carne animal. Em relação às questões mais importantes dos últimos 12 meses os portugueses estão acima da média em relação às queixas com os custos da alimentação e da habitação.
Tiago Luís, coordenador de Alimentação da ANPlWWF, nota que o estudo indica haver motivação para hábitos alimentares saudáveis e sustentáveis, mas que as pessoas têm dificuldade em aceder a esses alimentos.
Citado no comunicado o responsável diz que os governos devem intervir no que respeita aos preços a que os alimentos sustentáveis chegam aos consumidores, parando de financiar a produção alimentar que não respeita os limites do planeta.
O inquérito foi feito em março e abril deste ano e incluiu além dos 11 países da UE o Reino Unido.
Além de Portugal os países da UE que participaram foram Áustria, Bélgica, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Suécia, Alemanha, Espanha e Polónia.