O despacho do Ministério da Agricultura e do Ambiente prevê ainda a interdição do uso de água às áreas agrícolas que não foram regadas em 2022
O nível crítico da Barragem de Santa Clara, em Odemira, levou à suspensão de novas estufas no sudoeste alentejano. O despacho do Ministério da Agricultura e do Ambiente prevê ainda a interdição do uso de água às áreas agrícolas que não foram regadas em 2022. As regras estão a causar controvérsia.
O Plano de Contingência para situações de seca preconiza o acesso à água por parte das culturas permanentes, contemplando só depois as não permanentes.
Mas o entendimento daquilo que é uma cultura permanente e não permanente levanta dúvidas para os agricultores, que acusam o Governo de privilegiar as explorações de frutos vermelhos em detrimento das pastagens.
A falta de água faz-se sentir nos custos. Há dois anos, um fardo de feno saía a 30 euros e hoje custa 65 euros.
O Ministério da Agricultura já anunciou a suspensão de novas estufas na região. Para uns a medida peca por tardia, para outros é um entrave à expansão do negócio.
Os pequenos frutos foram o segundo produto mais exportado em Portugal em 2022 a seguir ao tomate, um recorde de 260 milhões de euros, com a framboesa a liderar as vendas.
A procura fixou mais de 300 trabalhadores em Odemira por parte da BFruit, também preocupados com as reservas de água.
A reabilitação dos canais de rega é urgente por consenso, estando já em curso um investimento do Governo nesse sentido. No caso das empresas, é manifesta a intenção de criar charcas para armazenar águas pluviais.
A chegada do verão poderá vir a agravar a carência no concelho, atualmente dividido quanto à distribuição justa deste bem p’los seus mais de mil e cem beneficiários.