Foram apenas oito dias em solo nacional. Dir-se-á que é pouco tempo para quem chega ao País, com tantas realidades distintas, e tem como meta avaliar os efeitos das políticas ambientais, ou o impacto da falta delas. Ainda assim, David Richard Boyd, o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) a Portugal, há dez meses, apresentou uma extensa radiografia em que não poupa nas palavras para criticar, em diversas frentes, Governo, comunidades intermunicipais e câmaras, pelas diversas falhas com que se deparou. A par das mais de uma dezena de recomendações às autoridades nacionais, principalmente as que se prendem com a prevenção e o combate aos fogos florestais, há ainda alertas específicos, como a necessidade de travar a exploração mineira em Boticas – que, entretanto, tendo em conta o prazo entre o decurso da visita e a entrega do relatório, já recebeu luz verde da Agência Portuguesa do Ambiente.
Boyd, um especialista canadiano que é, desde 2018, o relator especial da ONU sobre direitos humanos e meio ambiente, chegou a Portugal a 19 de setembro do ano passado; precisamente, um mês depois de entrar em rescaldo o maior incêndio dos últimos 47 anos na serra da Estrela, que destruiu mais de 28 mil hectares daquela região. Um flagelo que começou a 6 de agosto e se abateu, essencialmente, sobre a área do parque natural, provocando milhões de euros de prejuízos.