Na sexta feira, mais ou menos às nove da manhã (embora eu só tenha visto muito mais tarde, ao princípio da noite), recebi uma mensagem “Chegou o vento Leste…”.
Fui rever as previsões por alto e comentei qualquer coisa sobre o facto de não ser no país todo, não parecer ser muito forte e não me ter parecido que fosse muito constante.
Avisadamente, responderam-me que o facto é que estava a ocorrer um grande fogo em Castelo Branco (distrito, era o fogo de Proença-a-Nova).
Concordei que provavelmente iria haver complicações pontuais, mas ainda não me parecia que viesse a haver uma situação incontrolável como as que acontecem quando se verificam situações meteorológicas extremas, durante alguns dias.
E a conversa prosseguiu brevemente, concordando os dois que não tendo havido mudanças estruturais no território, o que seria de esperar era resultados semelhantes aos dos anos anteriores (com melhorias na protecção das pessoas).
Dessa Sexta para agora verifica-se o que se poderia esperar: situações complicadas aqui e ali, mas ainda sem atingirem o ponto que atingirão quando as tais circunstâncias meteorológicas, de maneira geral associadas ao vento Leste, mas que no caso de Outubro de 2017 até foram com outro vento, se agravarem e durarem dois ou três dias, pelo menos.
E isto são dois leigos a conversar, olhando para o boletim meteorológico, concluindo que a situação tenderia a ser isto.
Porque o combate é inútil, ineficaz, incompetente e mais não sei o quê?
Não tanto, pode ser isso tudo, às vezes até é (por exemplo, a taxa de reacendimentos em Portugal é pornográfica e devia ser objecto de investigação e responsabilização séria dos comandantes de operações que permitam que ocorram reacendimentos, mesmo sabendo que haverá sempre alguns, o que se passa em Portugal nessa matéria é indecoroso), mas essa não é a questão central, a questão central é que continuamos com rodriguinhos sobre a gestão dos combustíveis finos, com planos, programas, estratégias, e o diabo a quatro, tendo como resultado a progressiva acumulação de combustíveis finos arderão, violentamente, quando as condições meteorológicas forem as adequadas.
Portanto, sobre fogos, não me resta mais nada que repetir-me: a sociedade tem de pagar a gestão de combustíveis finos, pelo menos parcialmente, aos proprietários, tudo o resto é secundário.
Como corolário: sim, vai arder a sério sempre que as condições meteorológicas forem favoráveis a isso, tenhamos nós os meios de combate que tivermos, as penas para incendiários, os planos de ordenamento, os apoios aos gabinetes técnicos florestais, a coordenação institucional, as espécies florestais, etc., etc., etc. que quisermos.