O Sabugueiro (Sambucus nigra) é um arbusto da flora autóctone Portuguesa. É um arbusto denso, muito ramificado, que cresce até aos 5 metros de altura.
Encontra-se praticamente em todo o território nacional e é uma planta muito versátil, pois são usadas todas as suas partes: cascas, raízes, folhas, flores e frutos. E pode ser também conhecido por Rosa-de-bem-fazer, talvez porque as populações lhe reconhecem atributos de grande valia.
Na América Colonial, o sabugueiro era apelidado de “o armário dos remédios”, por causa dos seus múltiplos usos.
De facto, a ampla utilização de extratos de sabugueiro para fins medicinais, culinários e cosméticos, era já conhecida dos povos pré-históricos e muito popular entre os gregos e romanos, sendo por isso aquela espécie tida desde então como guardiã da saúde.
A planta é ligeiramente tóxica nas folhas, casca fresca, frutos verdes. Os frutos maduros (comestíveis) e as flores podem ser usados. As bagas devem ser ingeridas preferencialmente secas e com moderação.
Na medicina tradicional, o sabugueiro é uma das plantas medicinais mais utilizadas: é usada para baixar o ácido úrico, reduzir a ocorrência de cálculos renais e eliminar toxinas em geral, sendo considerado um excelente depurador do sangue. Atua em casos de febre de origem desconhecida e fomenta a formação de urina e suor, mas também a de leite em jovens mães (pelo óleo essencial). É também usado no combate a gripes, rouquidão, tosse, espirros, catarros do peito e brônquios, dores dos molares, nevralgias, dores de ouvidos e de cabeça e inflamação da laringe e garganta. Vários estudos demonstram que estas melhoram a função imunológica dos indivíduos.
Em Portugal, no Vale do Varosa e Távora, em especial no concelho de Tarouca, esta espécie tem uma expressão considerável e os agricultores tiram dela bom rendimento
Em Portugal, esta cultura era considerada pelos monges de Cister (séculos XII a XVIII) e pela população em geral, um produto de excelência para fins culinários e terapêuticos, tendo-se perpetuado estes usos e costumes até aos nossos dias.
O Marquês de Pombal proibiu o cultivo de sabugueiro na tentativa de acabar com as adulterações ao vinho do Porto, na primeira metade do século XVIII, o que resultou quase na erradicação da espécie.
Na medicina tradicional, a flor de sabugueiro era ainda sugerida como remédio para a diabetes (e de facto, estudos recentes in vitro demonstram que as flores do sabugueiro contêm substâncias capazes de estimular o metabolismo da glicose). Também é um excelente laxante, diurético e sudorífero. As folhas esmagadas podem ser aplicadas nos casos de queimaduras, retirando rapidamente a dor.
A nível de crenças, diz-se que limpa a alma e prepara a vida para coisas novas e criativas
O chá das flores secas do sabugueiro é utilizado contra constipações, gripes, anginas e nas enfermidades eruptivas, como sarampo, rubéola, varíola e escarlatina, por provocarem rapidamente a transpiração.
Não vão longe os tempos em que as flores de sabugueiro eram colocadas nas portas e janelas das casas para impedir a entrada de males ou ainda nas tumbas para proteger os defuntos das bruxas e espíritos maléficos.
Dizia-se que de sua madeira foi feita a Cruz do Calvário, e por esse motivo, acreditava-se que dava azar cortar um tronco de sabugueiro.
Hoje em dia, a flor de sabugueiro afirma-se através de vários produtos no mercado. No campo da cosmética, encontramos desde velas aromáticas, gel de banho, cremes hidratantes a sabão de mãos e sabonetes. No campo da alimentação, licores, refrescos, geleias, compotas, gins, vinagres de mel, chás, cervejas, rebuçados, iogurtes, águas com gás, até às águas tónicas. Na medicina, podemos encontrar nos concentrados de extrato de flor de sabugueiro, nos suplementos vitamínicos, nos xaropes entre outros.
A INOVTERRA, como Associação de Produtores de Sabugueiros e como um grande motor no desenvolvimento local na valorização e sustentabilidade do território, através dos produtos endógenos, organiza quatro whorkshops por ano: em maio – o da flor de sabugueiro; em agosto – o da colheita; em setembro – o da poda; em outubro – o de instalação da cultura. Estes whorkshops visam capacitar os agricultores para uma boa produção, tal como explanar à indústria as características positivas que o sabugueiro pode trazer na inovação e na melhoria dos seus próprios produtos, com o intuito de transformar em Portugal, aquilo que hoje acrescenta valor, a outros países do centro da Europa.
A universidade de Aveiro, o INIAV, a BCN, a Inovfood, a Oldland e a Publindústria em conjunto com a Inovterra, integram um Grupo Operacional – SambucusValor (PDR2020) – que está atualmente empenhado em valorizar o sabugueiro e a mostrar ao consumidor e à industria portuguesa, que este é um produto verdadeiramente saudável e versátil. Apostar nesta transformação, dentro das linhas do nosso país, irá trazer inovação, valorização e liderança no mercado mundial do sabugueiro.
Associação Inovterra
Publicado na Voz do Campo n.º 228 (julho 2019)
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