O presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Álvaro Lario, defende que a aposta de Moçambique na agricultura deve ir além da subsistência, para criar valor na cadeia produtiva do país.
“Em Moçambique, cerca de 80% dos trabalhadores estão no mundo da agricultura e nós queremos que esse mundo seja um mundo produtivo, não apenas um mundo de subsistência, mas um mundo em que os rendimentos e as rendas permitam às pessoas viverem vidas dignas e vidas em que as pessoas possam ficar nas comunidades”, disse Lario, após um encontro, em Sevilha, com o chefe de Estado moçambicano, Daniel Chapo.
O encontro com o presidente daquela agência especializada da ONU focada em combater a pobreza e a fome em países em desenvolvimento aconteceu à margem da IV Conferência da ONU sobre o Financiamento ao Desenvolvimento, que está a decorrer naquela cidade espanhola.
“O Compromisso de Sevilha é um começo a nível global para que continuemos a criar instrumentos e a mobilizar recursos, especialmente para podermos combater a pobreza e a fome (…), há uma série de secções dedicadas ao financiamento dos sistemas alimentares, ao financiamento da agricultura e da pesca, e acreditamos que este é um dos motores económicos e setores que podem criar mais emprego”, explicou Álvaro Lario.
Por outro lado, recordou que o FIDA tem uma “parceria” com Moçambique e que os investimentos que tem feito permitem apoiar “a agricultura de pequena escala, na pesca de pequena escala e, sobretudo, investir na juventude, investir em oportunidades e na criação de emprego para as pequenas e médias empresas na produção”.
“Mas também na distribuição, no armazenamento de uma grande parte dos investimentos que são feitos na agricultura de pequena escala. Sabemos que Moçambique tem um grande potencial e que juntos podemos criar oportunidades de emprego e sobretudo a capacidade de poder ter um rendimento decente na produção de alimentos”, sublinhou.
O mais recente projeto do FIDA em Moçambique, para apoiar as cadeias produtivas, desenvolveu-se em 11 províncias, no valor de 70 milhões de dólares (59,5 milhões de euros), aumentado para 200 milhões de dólares (170 milhões de euros) em conjunto com o Banco Africano de Desenvolvimento e com a União Europeia.
“Agora estamos a ver quais são as prioridades do novo Governo e, juntos, vamos continuar a investir para criar estas oportunidades, especialmente para os jovens, para as mulheres, em tudo o que é agricultura de pequena escala”, disse ainda.
“As prioridades são as prioridades do Governo, são as prioridades do Presidente e o que nós queremos, especialmente no futuro, é continuar a aumentar a mobilização de recursos. Atualmente, temos um projeto adicional de 10 milhões de dólares (8,5 milhões de euros) com o Fundo do Ambiente, sob a forma de subvenções, para podermos continuar a investir na adaptação ao clima e à seca, na adaptação a muitos acessos à água, também na qualidade da terra”, acrescentou.
O responsável lembrou que o chefe de Estado moçambicano tem sido “muito claro ao afirmar que uma das prioridades é criar oportunidades para os jovens”.
“Estávamos a falar de zonas especiais de processamento, ou seja, não só para subsistência, mas também para processamento que também pode criar esta série de empregos. Trata-se, portanto, de uma das prioridades do Presidente e também de uma das prioridades dos nossos investimentos para apoiar os jovens”, concluiu.