A Federação Renovação do Douro (FRD) afirmou hoje estar “confiante” nas medidas aplicadas à região demarcada em período de crise provocada pela covid-19, incluindo o benefício de 102.000 pipas de vinho do Porto.
Nesta vindima, a Região Demarcada do Douro vai transformar 102.000 pipas (550 litros cada) de mosto em vinho do Porto, conforme o estipulado no comunicado de vindima do conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).
O quantitativo representa uma diminuição de 6.000 pipas face a 2019 e reflete as quebras de vendas ocorridas no mercado nacional e internacional devido à pandemia de covid-19.
O interprofissional destinou 92.000 pipas de mosto para beneficiar no âmbito da programação normal de vindima e 10.000 pipas para a reserva qualitativa, ou seja, vinho que vai ficar armazenado, bloqueado durante os primeiros três anos, e será depois introduzido no mercado, de forma faseada, ao longo dos próximos 10 anos.
Um acordo negociado com a ministra da Agricultura permitiu desbloquear cinco milhões para financiar a reserva qualitativa
Para a FRD, o valor total do benefício “supera as expectativas e é extremamente importante para este tempo de crise”.
O benefício é a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto e é uma importante fonte de receita dos produtores do Douro.
“Foi um processo difícil, mas em que tivemos a capacidade de unir a produção e o comércio e alcançar o sucesso”, salientou, em comunicado, a organização que representa a produção no seio do conselho interprofissional.
A FDR referiu que, no início deste período, “teve à prova a sua capacidade de antecipação, iniciando um grande combate no alerta e persuasão de todos os responsáveis políticos e da própria região de que estes eram tempos de forte crise”.
“Ao longo de um processo duro, cheio de entraves, muitos foram os que, na sua cacofonia, primeiro negaram e minimizaram a crise, depois calaram-se com medo de afrontar o Governo, e, por fim, quiseram apropriar-se das propostas que nunca antes tiveram sabedoria e coragem de defender”, salientou.
Para a Federação, “foi uma oposição agreste, diminuidora dos interesses da Região e que só introduziu confusão nos decisores políticos, ao qual não é alheio o processo eleitoral (para a Casa do Douro) agora suspenso e em que a ânsia de protagonismo ultrapassou a decência”.
“Só idealmente e sem as normais regras de mercado se conseguiriam minimizar as quebras provenientes da pandemia, assim como as estruturais do setor, estabilizando o quantitativo de benefício de 2020 em linha com o de 2019, sem que o preço pago por pipa estivesse pressionado em baixa”, sublinhou.
A FDR lembrou que as “propostas aprovadas e em implementação não se restringiram ao benefício”.
“A destilação de crise a valores compatíveis com os custos de produção da região, o apoio ao armazenamento e a aposta forte e direcionada à promoção dos nossos vinhos serão componentes dinamizadores da procura por uvas DOC, contribuindo positivamente para o rendimento global dos viticultores durienses”, sustentou.
A Federação considera “que esta crise não se vai circunscrever a 2020” e que “o próximo ano será tão ou mais desafiante”, pelo que defende que “urge a implementação das medidas já aprovadas e a prontidão necessária para a idealização de outras que permitam ultrapassar a crise com confiança e longe dos números catastróficos de outros setores de atividade”.
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