O presidente da Federação Agrícola dos Açores revelou ontem à noite, no “Grande Debate” da RTP/Açores, que o Plano e Orçamento da Região Autónoma dos Açores para 2026 não merece a confiança da agricultura açoriana.
“Não estamos de acordo, o nosso parecer é negativo”, vincou Jorge Rita.
O dirigente avançou que na base da decisão está a redução da verba para o setor em 2026, em cerca de 9,5 milhões de euros (11,9% a menos à semelhança do que acontece no ano corrente), a constatação de um desinvestimento no setor, “e porque o governo regional tem pagamentos em atraso aos agricultores”, reforçou.
O presidente da Federação Agrícola dos Açores alertou, por outro lado, para a possibilidade de o endividamento regional crescer, por falha na execução integral de programas em curso, como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o Açores 2030. “São programas complexos, que podem causar um brutal endividamento, devido a derrapagens”, considerou.
Jorge Rita lembrou, a propósito, as Agendas Mobilizadoras “em que 115 milhões de euros se perderam e muito dessa verba estava destinada à agricultura e à agroindústria”.
O presidente da Federação Agrícola dos Açores voltou a defender um calendário indicativo para pagamento aos agricultores, destacando que “a União Europeia não falha com os pagamentos, o que falha é a comparticipação regional”. E lembrou, a propósito, que “estão em atraso as ajudas referentes às linhas Covid-19”, bem como os apoios aos engordadores (30/40), às intempéries, ao SAFIAGRI, às sementes de milho e sorgo 2024 e ao programa Agrocrescente.
Jorge Rita apontou outros constrangimentos que atingem a agricultura e a economia dos Açores, como o custo da energia e os transportes marítimos “que esmagam completamente a economia regional”, sublinhou.
“O modelo de transportes marítimos não corresponde às nossas necessidades, e as nossas exportações sofrem imenso devido à logística, por falta de infraestruturas e equipamentos, e por avarias nos rebocadores”.
“Por isso é que nós temos o cabaz de compras mais caro do país”, considerou.
“Face à excelente relação que os governos regionais e da república apregoam entre si, é estranho não terem ainda sido pagos aos agricultores açorianos, os 19 milhões e mais os 3,3 milhões [compensação pela inflação e custos de produção devido à guerra da Ucrânia] que os agricultores da república receberam e os nossos não receberam”.
“Chefes de governos e ministros já falaram sobre isso, mas até agora nada”, salientou.
“Na Base das Lajes, os ordenados em atraso foram resolvidos de forma pró-ativa pela Região e, por isso, gostava de ver o governo regional antecipar-se no pagamento aos agricultores, e depois acertava as contas com o governo da república”, finalizou Jorge Rita.
Fonte: Federação Agrícola dos Açores












































