As alterações climáticas são a face mediatizada da profunda crise ecológica que se agudiza diariamente. Os seus efeitos são cada vez mais notórios. Estendem-se do local ao global e vice-versa porque, afinal, tudo está ligado na grande teia da Vida. Ou ainda alguém acredita que o degelo das longínquas calotes polares não terá impacto nas nossas vidas?
Afastados da terra/solo, em ambientes cada vez mais artificiais, desligados de todos os outros seres (meros recursos para nos servir), delapidando energia, obcecados pelo dinheiro, imersos, e cada vez mais comandados pela tecnologia (veja-se o apagão) há cada vez mais quem se pergunte: será mesmo este o mundo em que quero viver?
No Distrito de Castelo Branco as comunidades intermunicipais e os municípios dispõem já de planos de adaptação às alterações climáticas cujas medidas validam, as propostas feitas, há décadas, por ambientalistas e cientistas **. Medidas capazes de proteger a agricultura e a silvicultura, próximas da natureza, mas que ainda não saíram do papel. A expansão das culturas intensivas, agrícolas e florestais, consomem e/ou contaminam os bens comuns (solo, ar, água, biodiversidade, património genético, …), suporte da nossa sobrevivência, e, juntamente com os outros problemas locais, agravam a crise no território.
Por baixo da aparente normalidade do quotidiano, em que os alertas (ex. Covid) são ignorados, há uma transformação radical em curso, cada vez mais acelerada, que se tem instalado de mansinho, mesmo debaixo do nosso nariz, mas sem nunca constar, de forma explícita, nos programas e/ou debates eleitorais. As propostas, e as políticas, são sempre sectoriais, partidas, sem a visão de conjunto que necessitamos para decidir qual o melhor caminho no contexto actual.
Face a isto as políticas, cada vez mais embrulhadas em papel reciclado, não mudam e continuam a ignorar o que é já demasiadamente evidente: o planeta Terra é frágil e finito *** e os mais novos estão a ficar sem futuro.
Do ponto de vista da Quercus Castelo Branco não teríamos chegado aqui com uma sociedade civil forte capaz de agir no espaço público, exercendo o seu poder de regulação ética. A sua fraqueza é co-autora da realidade actual mas queremos mudar criando um espaço de diálogo crítico e de cooperação com o poder político. Nesse sentido e tendo em conta que: o futuro está em aberto (será o que fizermos agora); há soluções para a crise ( o que inúmeros projectos locais confirmam) e que a transição, verdadeiramente sustentável e urgente, é possível e pode ainda ser voluntária, a Quercus Castelo Branco propõe uma reflexão conjunta sobre “O que queremos para o Distrito de Castelo Branco no próximo ciclo político?” com os candidatos, de todos os partidos, às eleições autárquicas em cada concelho entre 2 e 20 de Setembro.