Os resultados do estudo foram publicados na revista Functional Ecology, da Sociedade Ecológica Britânica. Os autores estudaram o impacto em diferentes grupos de animais de atividade humana como a criação de terrenos para agricultura e pecuária ou a construção de zonas de habitação.
Pequenos animais ectotérmicos (os chamados animais de sangue frio, como invertebrados, repteis e anfíbios), grandes endotérmicos (mamíferos e aves) e fungívoros (que comem fungos) também foram afetados desproporcionalmente, com reduções das populações que variaram entre os 25% e os 50%, comparando com a situação em habitats sem interferência.
Os investigadores analisaram mais de um milhão de registos de populações de animais em locais que variaram entre a floresta primária, os terrenos de cultura intensiva e as cidades. Foram estudadas ao todo mais de 25.000 espécies de 80 países, desde ácaros a elefantes.
“Normalmente, quando pensamos em predadores pensamos em grandes animais, como leões ou tigres. Esses grandes predadores não tiveram um declínio como esperávamos com a perda de habitats, talvez porque já tinham diminuído devido às ações humanas no passado. Encontramos pequenos predadores, como aranhas e joaninhas, que mostram maiores declínios”, disse Tim Newbold, do Colégio Universitário de Londres e principal autor do estudo.
A investigação permite perceber melhor como é que os ecossistemas mudam com as perdas desproporcionadas de animais e as consequências das mudanças da biodiversidade.
“Sabemos que diferentes tipos de animais têm importantes relações com o ambiente, por exemplo os predadores controlam as populações de outros animais. Se certos tipos de animais sofre um grande decréscimo quando perdemos habitats naturais então deixam de cumprir esse importante papel”, acrescentou Newbold.
O estudo faz parte de um projeto que verifica como é que a biodiversidade responde às pressões humanas. Foram analisados 1.184.543 registos sobre as quantidades de animais, que fazem parte da base de dados do projeto (Predicts).
Os investigadores querem agora estudar como é que grupos de animais que desempenham papeis particularmente importantes para a agricultura, como na polinização ou no controlo de pragas agrícolas, são afetados pela perda de habitats.
FP // JMR
Lusa/fim