A Estratégia de Bioeconomia apresentada hoje pela Comissão Europeia é incapaz de conter a crise de recursos na Europa e tem falta de ambição, diz o Gabinete Europeu do Ambiente (EEB), uma rede de organizações ambientais.
A nova estratégia “não tem a ambição necessária para alinhar a utilização dos recursos na Europa com os limites ecológicos do nosso planeta”, diz a organização em comunicado.
A Comissão Europeia apresentou hoje a Estratégia de Bioeconomia, para “impulsionar o crescimento verde”, e quer, até 2040, trocar o plástico e outros derivados de fontes fósseis como fertilizantes por materiais de base biológica.
De acordo com o executivo comunitário, a proposta integra os esforços da Comissão Europeia para acelerar a transição para uma economia de base biológica (bioeconomia) e circular na União Europeia (UE), nomeadamente com a criação da Aliança para uma Europa de Base Biológica, na qual as principais empresas se comprometem a adquirir conjuntamente dez mil milhões de euros em materiais de base biológica até 2030.
As soluções de base biológica incluem bioplásticos e fibras para têxteis e embalagens, produtos químicos e ingredientes de origem biológica, fertilizantes e produtos fitofarmacêuticos sustentáveis e ainda materiais de construção de base biológica.
“Ao concentrar-se em iniciativas isoladas de inovação de produtos em vez de abordar as causas profundas das crises da natureza, da poluição e do clima, a Comissão perdeu uma oportunidade crucial”, diz o EEB num comentário à estratégia, acrescentando que comparada com uma versão anterior divulgada em outubro, a Estratégia não reconhece a necessidade de reduzir drasticamente a pressão sobre os ecossistemas.
E também não prioriza os usos materiais da biomassa – que são mais sustentáveis e eficientes em termos de recursos – em detrimento da sua utilização para energia, diz o EEB, para quem esta é “uma grande oportunidade perdida para corrigir anos de políticas erradas que recompensaram utilizações ineficientes, intensivas em carbono e poluentes da biomassa”.
Também numa reação à Estratégia, a organização ambientalista internacional ECOS, com sede em Bruxelas, disse que a Comissão “perdeu a oportunidade de fazer muito mais”.
Ainda que represente um avanço, a Estratégia não oferece uma visão clara para uma bioeconomia europeia que opere dentro dos limites planetários, afirma a ECOS, alertando que se corre o risco de continuar a degradação dos recursos (como as florestas, os solos, as terras agrícolas e os sistemas hídricos), em vez de se direcionar a bioeconomia para a resiliência e a circularidade.
Algumas das medidas propostas, entende a organização, podem conter as pressões ambientais, mas serão insuficientes. E a natureza é vista como um instrumento para a competitividade da UE, “com poucas salvaguardas de sustentabilidade” para tornar a bioeconomia resiliente a longo prazo.
Deixando propostas para melhorar a Estratégia, a ECOS considera que a proteção da saúde planetária não é suficientemente priorizada no documento da Comissão.











































