Alerta é do economista Eugénio Rosa, que chama a atenção para a perda de poder de compra e faz as contas à diferença entre abril de 2021 e deste ano. Aumento dos cereais é o mais gritante e traz outros aumentos, como o da carne.
[…]
Crise alimentar Para Eugénio Rosa, é claro que a crise alimentar “não vai atingir apenas os países da África e da Ásia”, estendendo-se aos países ocidentais, incluindo Portugal.
Portugal importa 75% do milho que consome, “que é indispensável a alimentação animal, e mais de 90% do trigo necessário à humana”.
Neste campo eram a Rússia e a Ucrânia os principais exportadores de cereais do mundo. Com a guerra, chegaram as consequências: “A sua eliminação do mercado mundial está a determinar a subida exponencial dos preços dos cereais (+34%)”. O mesmo acontece com a energia. “A eliminação do petróleo e gás russo, o maior exportador mundial, do mercado onde a Europa adquire, está também a determinar a subida exponencial dos preços (petróleo + 47%; gás: +33%)”, alerta o economista, que diz que as alternativas de fornecimento destes produtos “são muitos mais caras, o que determinará preços mais elevados, tornando a vida dos portugueses e a competitividade das ‘nossas’ empresas mais difíceis”.
[…]
Outros aumentos O que também tem subido é o preço da carne, uma vez que a produção encareceu (com o aumento do preço da farinha e, logo, das rações) e o transporte dos produtos também (após as subidas dos preços da energia e do combustível) a provocarem o agravamento.
“É inevitável o aumento de preço, e terá, infelizmente, impacto no consumo, o que poderá dar lugar à sua redução”, disse a Apicarnes – Associação Portuguesa de Industriais de Carnes ao Nascer do SOL. A associação vai enumerando o que foi sentido em termos de subidas. “Aumentaram os fatores de produção de forma muito significativa, nomeadamente: materiais de embalagem, matérias-primas, as várias fontes de energia, gás – um aumento superior a 300% – eletricidade e combustíveis – que aumentaram 300%”.
Uma lista que vai crescendo, de acordo com Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). “O gasóleo, que é a principal fonte de energia utilizada na agricultura, subiu na ordem dos 43% face ao ano passado. A energia subiu entre 50 a 150%, também os adubos aumentaram uma brutalidade, o mesmo aconteceu com as rações […]