Começaram com panfletos no correio, passaram para grupos de amigos no Whatsapp e, dentro de semanas, chegarão ao país inteiro. Os cabazes de fruta e legumes da ES Oeste nasceram no confinamento e tornaram-se na principal atividade da empresa.
Vítor Almeida é engenheiro civil e sempre tentou “escapar” à agricultura e ao negócio da família. Mas, em 2017, as origens falaram mais alto. Hoje, Vítor e Cátia Branco, que é enfermeira, são os responsáveis pela nova vida da ES Oeste. O negócio tradicional de exportação de pera-rocha e maçã de Alcobaça mantém-se, mas é aos cabazes de fruta e legumes que criaram no confinamento que dedicam toda a atenção.
Não estava nos planos de Vítor vir a ser agricultor. Os pomares de maçã de Alcobaça e pera-rocha estão na família há três gerações, mas o Almeida mais jovem tinha outras aspirações. Estudou Engenharia Civil e rumou a Lisboa. O plano até deu frutos, mas Vítor acabou por ceder ao chamamento da terra. Em 2017, juntamente com Cátia Branco, enfermeira, começou a semear a nova vida da ES Oeste.
Cabe hoje a Vítor Almeida e Cátia Branco dar a cara e o corpo ao manifesto pelos mais de dez hectares de pomares da empresa da família, dos quais brotam entre 450 e 500 toneladas de fruta por ano. A exportação tem sido desde sempre a vocação da ES Oeste, e França o destino onde o fruto é mais apetecido. “Abastecemos o mercado da saudade”, revelam. Apenas uma pequena parte da produção permanece na terra de origem, em “dois ou três supermercados locais”.
No início de março de 2020, ainda respondiam às encomendas gaulesas, com algumas toneladas de fruta guardadas nas câmaras frigoríficas. Mas a pandemia veio complicar a logística. “Os camiões não tinham retorno, voltavam vazios, e começaram a parar”, recorda Vítor. “Nas primeiras semanas de março, ficámos em suspenso, a pensar no que poderíamos fazer para dar a volta à situação.”
Até que Vítor percebeu que não estava sozinho. “Em conversa com outros agricultores da região, dei conta de que eles estavam a deitar fora as colheitas”, lembra. Com as praças fechadas, os produtores invadiram os campos com tratores para destruir couves, alfaces, brócolos e alho-francês, algo que a ES Oeste não chegou a fazer. Perante a calamidade e o desperdício, Vítor viu surgir a oportunidade para uma joint venture. Os caixotes de fruta que tinham deixado de ir para França rapidamente ganharam uma nova utilidade: viraram cabazes de