A sessão solene da abertura das aulas do ano letivo de 2024/25 da Escola Profissional e de Desenvolvimento Rural do Baixo Mondego (EPDRBM), que decorreu esta manhã, em Montemor-o-Velho, contou com a presença do Secretário de Estado da Agricultura, João Moura, do presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho (CMMV) e da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, Emílio Torrão, e do presidente da Associação Diogo de Azambuja (ADA), proprietária da EPDRBM, Décio Matias.
Além de participar na sessão solene da abertura das aulas, o Secretário de Estado da Agricultura visitou a exploração agrícola da EPDRBM e a própria escola, onde será instalado o novo Centro Tecnológico Especializado (CTE), tendo a escola sido apoiada com 1,604 milhões de euros no âmbito da componente 6 do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O apoio é direcionado para as áreas da agricultura, transformação e logística. O centro entrará em funcionamento no ano letivo de 2024, 2025 e 2026.
O foco será nos cursos de Técnico de Produção Agropecuária, Técnico de Logística e Técnico de Controlo de Qualidade Alimentar. O CTE vai implementar na EPDRBM um laboratório de qualidade alimentar, agrofuture e logística, e uma unidade de apoio tecnológico agroalimentar. Também haverá um reequipamento com tecnologia de ponta, com tratores com autoguiamento de última geração, drones de sementeira e tratamento fitossanitário, estações meteorológicas e ceifeiras, entre outros instrumentos, bem como equipamento de produção agroalimentar, para produção de queijos, iogurtes e gelados, equipamentos de panificação e refrigeração, microscópios digitais tridimensionais, espectrofotómetros, entre outros.
Na sua intervenção, o Secretário de Estado da Agricultura discorreu sobre a importância do ensino agrícola e das ciências agrárias em Portugal, um ensino “praticamente abandonado”. “As escolas [profissionais de agricultura], ao longo dos anos, foram sendo depreciadas”, declarou João Moura.
“Espero que o Centro Tecnológico Especializado de Montemor-o-Velho tenha sucesso e que vingue, porque o ensino agrário e a agricultura em Portugal têm de ter uma viragem, e, para ter esta viragem, a base de tudo é o ensino, as escolas, o conhecimento científico. Não podemos ter uma agricultura de subsistência; temos de ter uma agricultura tecnológica, científica, de precisão, eficiente, e quem dá este conhecimento científico são as escolas profissionais”, declarou João Moura.
“Nas vagas do Ensino Superior público, a grande maioria dos cursos de ciências agrárias foram aqueles que mais tiveram vagas por preencher. Somos dos países do mundo mais envelhecidos, o que está diretamente relacionado com a agricultura, e que significa que os jovens não (…) foram atraídos para a área. Estamos em estreita relação com o Ministério da Educação para reverter esta situação”, declarou o Secretário de Estado da Agricultura.
“A EPDRBM está em crescimento, em contraciclo com o ensino em Portugal”, afirmou Décio Matias, presidente da ADA, “e ou temos capacidade para atrair novos alunos com tecnologia de ponta, com os benefícios da era digital, ou, efetivamente, a nossa capacidade de cativar alunos vai ser muito deficitária. Estamos confiantes de que o novo Centro Tecnológico Especializado vai criar a atratividade necessária junto de potenciais alunos nos próximos anos”.
Além do financiamento concedido pelo PRR, Décio Matias considerou a visita do Secretário de Estado um sinal do valor dado ao ensino profissional em Portugal, “que tem sido considerado por muitos, sobretudo pelo Estado, como o parente pobre do ensino público. Contudo, contrariando essa imagem, muitos empresários de sucesso têm feito a sua formação na EPDRBM”, afirma.
A visita do Secretário de Estado esteve prevista para o Mondego Agrícola – Feira das Culturas, evento organizado pela EPDRBM nos dias 5 e 6 de setembro, mas foi adiada para esta cerimónia. “O Mondego Agrícola, que já existe há oito anos, tem tudo o que de melhor temos de oferta na área agrícola, em Portugal e na Europa”, assegurou Décio Matias.
“O Secretário de Estado e o Governo reconhecem o valor que as escolas profissionais têm na promoção da agricultura no século XXI”, afirmou Emílio Torrão, presidente da CMMV e da CIM Região de Coimbra. “Muitas das pessoas que se dedicam à agricultura foram alunos de escolas profissionais, muitas delas na ADA, e muito do seu desenvolvimento tecnológico, do seu arrojo, da sua capacidade de intervir na agricultura, está intrinsecamente ligado à formação que receberam nesta escola”, assegura.
“O Mondego Agrícola proporciona aos agricultores desta região e aos alunos desta escola o conhecimento das últimas novidades tecnológicas e daquilo que de melhor se faz no mundo na área da agricultura, da maquinaria, da inovação, da tecnologia. Só por si, isso diz da importância do que se faz nesta escola em prol da agricultura do século XXI, e, efetivamente, esta organização tem de ser preservada”, asseverou Emílio Torrão.
Na cerimónia estiveram presentes os demais vereadores da CMMV e representantes da Santa Casa da Misericórdia de Montemor-o-Velho, Associação Fernão Mendes Pinto, Cooperativa Agrícola do Concelho de Montemor-o-Velho, Lacticoop, Associação de Beneficiários da Obra de Fomento Hidroagrícola do Baixo Mondego, Caixa de Crédito Agrícola do Baixo Mondego. Todas estas entidades são associadas da ADA, associação detentora da EPDRBM.
A EPDRBM resulta da junção, em 2020, de duas escolas profissionais com mais de 30 anos de experiência no ensino profissional, a Escola Profissional de Montemor-o-Velho (1990) e a Escola Profissional Agrícola Afonso Duarte (1991), fundidas numa entidade proprietária única, a Associação Diogo de Azambuja (ADA), constituída em 1999 para ser um motor de desenvolvimento da região através do ensino profissional e da colocação em diversas empresas dos técnicos que resultam da sua formação.
Fonte: EPDRBM