Fazer a primeira silagem de milho a 2 de agosto foi um record para mim. O record anterior já tinha uns 15 ou 20 anos. Recordo-me de estar a ensilar um campo onde agora passa uma estrada e ao sair para mudar para outro terreno tivemos de recuar a automotriz porque ia passar a Volta a Portugal em bicicleta.
Para fazer silagem a 2 de agosto, com o milho quase no ponto, tive de procurar um compromisso entre a maturação do grão e a humidade da palha, porque o grão das zonas frescas precisava de mais alguns dias, mas a palha das zonas secas estava a ficar muito seca.
Fazer milho, sem rega, só foi possível por ter semeado muito cedo, a 17 de março, em terrenos enxutos e abdicando da erva na primavera que ainda ia crescer até ao fim de abril. E usar um milho de “ciclo curto”, que produz menos mas fica maduro mais cedo. Pude assim aproveitar a humidade na terra e as chuvas que a primavera generosa foi oferecendo, tal como via o meu senhorio fazer noutros terrenos onde agora tenho luzerna… sem regar, também.
É muito frequente os agricultores fazerem uma pequena colheita de silagem mais cedo, um pequeno “monte” fora do silo principal, um mês ou algumas semanas antes da colheita principal, em setembro ou outubro. Isto acontece por causa das condições do terreno / falta de água, mas também para usar dar tempo para esta silagem fermentar antes de ser dada em alimentação aos animais. O milho ensilado e fermentado, ao longo dos meses, fica mais digestivo para os animais e os nutrientes são melhores aproveitados pelas vacas do que se comessem a silagem de milho acabada de cortar. Por outro lado, a silagem com poucas semanas é muito “instável”, conserva-se pouco tempo na manjedoura e podem começar fermentações indesejáveis e indigestas. Por isso é bom fazer a silagem pelo menos um mês antes de a dar como alimento às vacas.
Agora que a silagem já foi cortada, triturada, transportada, espalhada, calcada e fechada com plástico no silo, resta deixar as bactérias boas fazerem o seu trabalho de acidificação para a silagem se poder conservar um ou dois anos, se for necessário.
#carlosnevesagricultor
O artigo foi publicado originalmente em Carlos Neves Agricultor.