A Águas do Centro Litoral (AdCL), responsável pela estação onde ocorreu uma avaria que obrigou à descarga de efluentes não tratados no rio Lis, vai contratar uma equipa externa para avaliar os danos ambientais, foi hoje anunciado.
“(…) Vamos pedir a uma equipa externa que vai ser contratada, uma equipa isenta e que tenha experiência neste tipo de metodologias de avaliação, para termos, a curto prazo, um primeiro relatório prévio da avaliação dos impactos ambientais que decorreram do acidente na estação elevatória da AdCL”, afirmou hoje o presidente do conselho de administração, Alexandre Tavares.
O responsável da empresa falava aos jornalistas na Marinha Grande, distrito de Leiria, após a primeira reunião da comissão de acompanhamento para avaliar a avaria, impactos e necessidade de investimentos, e na qual estiveram presentes várias entidades.
Segundo Alexandre Tavares, este estudo prévio, que deverá ocorrer em 30 dias, será seguido por “um conjunto de ações, de monitorização, de avaliação das várias partes, para depois levar a um relatório final de avaliação dos impactos”.
Há uma semana, às 10:00 de dia 12, foi registada uma avaria na estação elevatória de Monte Real (Leiria), que obrigou à descarga de milhares de metros cúbicos de efluentes não tratados para o rio Lis e em valas de rega.
No dia seguinte, a AdCL divulgou que aquela estação, que eleva efluente para a estação de tratamento de águas residuais do Coimbrão (Leiria), estava “temporariamente inoperacional devido a uma avaria nas bombas que compõem o sistema de elevação”.
Face à inoperacionalidade da estação, “foi acionado o sistema de descarga de emergência da estação, bem como da estação elevatória a montante (Serra de Porto do Urso)”, explicou a empresa, referindo que “estas descargas ocorrem, respetivamente, no rio Lis e numa vala de rega adjacente”.
Esta situação levou à interdição de banhos, já ultrapassada, na Praia da Vieira, na Marinha Grande, onde desagua o rio Lis, e o Município de Leiria desaconselhou atividades no troço do rio Lis a jusante de Monte Real, como captações para rega, banhos e pesca.
A avaria ficou resolvida na madrugada de dia 14.
Nesse dia, o secretário de Estado do Ambiente, João Manuel Esteves, anunciou a criação da comissão e a AdCL garantiu que iria assumir responsabilidades.
Alexandre Tavares explicou que na reunião de hoje foram apresentadas as ações de emergência já desenvolvidas, realçando que “é possível verificar que o estado de condição do rio é substancialmente melhor”.
Por outro lado, garantiu que a empresa “está comprometida com todos os agentes no terreno”, e, referindo-se às juntas de freguesias, assim como aos municípios da Marinha Grande e de Leiria, salientou que são “pontos focais importantes” para se “fazer o levantamento daquilo que são as afetações” decorrentes da avaria, de forma a ser agilizado este processo.
Alexandre Tavares adiantou que a empresa está muito comprometida no reforço da redundância e criação de resiliência ao sistema, para que “acidentes deste tipo não voltem a ocorrer”.
Sobre a eventualidade de o risco ter sido subavaliado na estação elevatória de Monte Real, Alexandre Tavares contrapôs que a empresa atuou de acordo com as melhores práticas.
“Estávamos a fazer manutenção preventiva de uma das bombas como deveríamos estar a fazê-la, o que não era expectável era que tivéssemos duas bombas inoperacionais no mesmo momento”, acrescentou o presidente do conselho de administração da Águas do Centro Litoral.
Na reunião, além da AdCL, estiveram representantes do Governo, da Agência Portuguesa do Ambiente, dos municípios da Marinha Grande e de Leiria, da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria e da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis e da empresa Águas do Centro Litoral.
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