As alterações climáticas já mudaram a forma como temos de calcular o risco de inundações relacionadas com a subida do nível dos mares. É preciso actualizar a forma como defendemos as zonas costeiras.
Há cheias tão grandes que só têm a probabilidade de ocorrer uma vez em cada 100 anos. Mas um novo estudo diz-nos que a subida do nível do mar causada pela emissão de gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono (CO2), alterou esta probabilidade. Já em 2050, várias regiões costeiras do mundo poderão estar sujeitas a cheias de 100 anos a cada nove a 15 anos. E no fim do século, em 2100, estas inundações que hoje são extraordinárias podem acontecer todos os anos.
As alterações climáticas vão mudar o nível de risco de várias catástrofes naturais. “O limite que hoje esperamos que seja excedido uma vez a cada 100 anos, em média, vai ser ultrapassado com uma frequência muito maior num clima mais quente, até que deixem de ser consideradas cheias de 100 anos”, disse Hamed Moftakhari, citado num comunicado da União de Geofísica Americana. Moftakhari é um engenheiro civil e professor da Universidade do Alabama (Estados Unidos), e um dos autores do estudo publicado na revista Earth’s Future.
Apesar do nome, uma cheia de 100 anos não tem de acontecer a cada século. O que a expressão quer dizer é que se trata de um acontecimento extremo, que tem uma probabilidade de ocorrer uma vez a cada 100 anos. Trata-se de um cálculo de probabilidades. Uma cheia destas dimensões pode acontecer num determinado local num intervalo mais curto, ou só acontecer para lá de um período de 100 anos.
As cheias nas zonas costeiras podem dever-se a água do mar que é empurrada para terra devido a tempestades, marés ou ondas. Mas o estudo da equipa de Moftakhari concentrou-se num factor que actua a uma escala mais longa: a subida do nível do mar. Como é algo que não acontece de forma repentina, as infra-estruturas costeiras e as comunidades que lá vivem vão ficando cada vez mais próximas da água, à medida que o mar vai subindo, e vão-se tornando mais vulneráveis a fenómenos extremos, como tempestades. Por isso, […]