A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, considerou hoje que Luís Montenegro tem precisado de esconder candidatos que trazem para a AD “ideias que pertencem ao Chega”, criticando declarações de um cabeça de lista que “negam as alterações climáticas”.
No final de uma viagem de comboio entre a Covilhã e a Guarda, Mariana Mortágua foi questionada sobre declarações na quinta-feira do cabeça de lista da AD por Santarém, em especial ao afirmar que Portugal tem perdido investimento por “falsas razões climáticas” e que são proibidas “novas plantações às cegas” por “ideologias de extrema-esquerda”.
“O que não deixo de notar é que desde que a campanha começou temos visto vários candidatos do PSD e da AD que acabam por ter que ser escondidos ou postos de lado pelo próprio líder da AD, Luís Montenegro”, criticou.
Segundo a líder do BE, isso aconteceu com o presidente do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, que considerou “legítimo que um homem bata numa mulher” e também com o vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, ao defender um “novo referendo e a pôr em causa o direito civilizacional das mulheres ao aborto”.
“Agora temos estas declarações do candidato do PSD e da AD sobre alterações climáticas, ou melhor, negando as alterações climáticas. Não nos parece que faça sentido, mas também o que leva a crer é que a cada mês, a cada dia, a cada semana que passa, Luís Montenegro vai tendo que esconder alguns candidatos do PSD que acabam por deixar entrar para dentro das ideias do PSD e da candidatura do PSD ideias que, na verdade, pertencem ao Chega”, condenou.
Concretamente sobre as declarações de Eduardo Oliveira e Sousa, Mortágua avisou que “as alterações climáticas farão com que, em pouco tempo, 30% de produtividade da agricultura se perca”, antecipando um problema grave com a distribuição da água, com a biodiversidade, com a excessiva utilização de pesticidas, o “que pode pôr em causa o futuro da produção agrícola em Portugal e até da soberania alimentar”.
“É de todo o interesse dos agricultores que a agricultura possa ser adaptada e preparada para essas alterações porque elas são reais e elas existem”, defendeu.
A líder do BE salientou que o país se deve preparar para essas alterações e “deve ter um forte financiamento à agricultura, aos pequenos agricultores e a quem quer fazer da agricultura uma atividade sustentável no país, em respeito pelas populações, pelo território, pela soberania alimentar”.
Já sobre a notícia de hoje do jornal Nascer do Sol, que fala de uma nomeação da mãe de Mariana Mortágua numa altura em que se negociava o OE2021 que mereceu o voto contra do BE, a coordenadora bloquista começou por se rir pelo facto de a extrema-direita estar “muito interessada em inventar histórias” sobre a sua família.
Mortágua começou por referir que, antes mesmo de a notícia ter saído, já “o líder da extrema-direita estava a anunciar essa notícia” num comício precisamente na Guarda, o que considerou dizer “tudo sobre a veracidade de uma notícia que se desmente a ela própria”
Questionada sobre as críticas na véspera do líder do Chega, André Ventura – que disse que “as mentiras de Mariana Mortágua não acabam” e que é “a personificação, o símbolo, a expressão do que é a fraude e a burla que é a extrema-esquerda” – a líder do BE desvalorizou e apontou que os elementos do Chega estão “muito incomodados porque o Bloco de Esquerda está empenhado em divulgar quem são os seus financiadores”.
Numa intervenção num jantar-comício em Ourém na véspera, o antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) Eduardo Oliveira e Sousa defendeu que “a floresta não é apenas um parque temático ou um armazém de carbono, é economia”.
Num discurso de 20 minutos recheado de críticas à atual ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, alertou para uma outra situação nos campos, onde “voltaram os roubos” do cobre, da cortiça, da azeitona, das pinhas ou das castanhas.