No primeiro trimestre de 2019, o resultado líquido da EDP caiu 39% face ao período homólogo, tendo ficado nos 100 milhões de euros. Por esta altura há um ano, em 2018, a empresa dava conta de um resultado líquido de 166 milhões de euros. Menos água das chuvas para encher as barragens e menos vento para fazer girar as turbinas (logo, menos produção hídrica e eólica), custos financeiros e impostos mais elevados, ajudaram a mitigar nos últimos meses o impacto positivo do crescimento da distribuição no Brasil e do aumento de capacidade renovável.
A empresa investiu nos três primeiros meses do ano 344 milhões de euros , menos 6% do que em 2018 (368 milhões): 222 milhões foram investidos em expansão (158 milhões em nova capacidade renovável nos EUA e Europa e 63 milhões nas redes, sobretudo no Brasil) e 122 milhões em manutenção (91 milhões em redes).
“O resultado líquido recorrente caiu 32% em termos homólogos, para 167 milhões de euros no primeiro trimestre de 2019, na medida em que o crescimento nas Redes no Brasil, Comercialização e a expansão do portfólio renovável foi anulado pelos efeitos de fracas hidraulicidade e eolicidade e elevada taxa efetiva de imposto no trimestre (27%), acima da taxa esperada para 2019”, refere a empresa em comunicado enviado hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
No capítulo dos eventos não recorrentes, a EDP inclui menos 79 milhões em 2018, incluindo a contribuição extraordinária para o sector de energia (menos 66 milhões) e a diferença entre o ajuste final do CMEC (menos 13 milhões), e ainda menos 67 milhões em 2019 que dizem respeito também à contribuição extraordinária para o sector de energia feita pela EDP.
Também no primeiro trimestre, e em linha com o “foco estratégico” já anunciado pela EDP, “foi acordada a primeira transação asset rotation de 997 MW na Europa (participação de 51%) em abril de 2019, no valor de 800 milhões. O ganho esperado é de cerca de 200 milhões e a conclusão da transação é esperada para o segundo trimestre de 2019. A 13 de maio a EDP vendeu 609 milhões de défice tarifário relativo a 2019″, informa o mesmo comunicado.
A empresa deu conta que a sua capacidade instalada total aumentou 2% em termos homólogos, atingindo 27,2 GW no mês de março, “em resultado da entrada em operação de novos parques eólicos”. “74% do nosso portfólio corresponde a capacidade renovável. Em termos de produção total, o peso de renováveis ascendeu a 69% no primeiro trimestre”, ainda assim 13% abaixo dos 72% registados no período homólogo, refere o documento.
Quanto ao EBITDA (lucro antes de impostos, depreciação, amortização e juros) subiu 3% nos primeiros três meses do anos, para 921 milhões correspondendo a uma subida de 1% em termos recorrentes. “Os benefícios da expansão do portfólio (41 milhões) foram penalizados por um impacto negativo de 149 milhões causado pela fraca hidraulicidade e, de certo modo, fraca eolicidade. A hidraulicidade em Portugal diminuiu 48% e a eolicidade, em média, nas nossas geografias diminuiu 7%, face à média de longo prazo”, explicou a empresa.
Tendo em conta que a recuperação dos preços de venda de energia compensou parcialmente o efeito dos escassos recursos renováveis (+3% na eólica e solar, +14% no preço da pool na Península Ibérica devido à subida do custo das licenças de CO2), diz a EDP, o EBITDA recorrente das Renováveis recuou 6%, menos 30 milhões, de 591 para 556 milhões de euros. Nas Redes, o EBITDA subiu 11%, impulsionado pelo Brasil: mais 24 milhões para 243 milhões.
A elétrica dá ainda conta de uma subida de 17% para 17 milhões de euros no segmento Clientes e Gestão de Energia “suportado por uma normalização do contexto regulatório na atividade de comercialização em Portugal (depois de um ano de 2018 particularmente difícil)”.
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